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Título
A constituição do sujeito com deficiência intelectual: um estudo das práticas na escola pública.
Orientador
Maria Inês Bacellar Monteiro
Autor
Soraia da Silva Pedroso Vieira
Palavra chave
Constituição do sujeito. Deficiência intelectual. Educação especial. Educação inclusiva. Autonomia.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
01/01/2013
Nº Downloads
1496
Resumo
Este estudo teve como objetivo abordar a constituição de alunos com deficiência intelectual, focalizando as práticas sociais vivenciadas no cotidiano da escola, com o intuito de analisar possíveis relações que possibilitem a autonomia. Buscou-se conhecer indícios de como as experiências concretas vividas na escola estão sendo internalizadas por estes alunos. A pesquisa fundamentou-se teórico-metodologicamente na perspectiva histórico-cultural, que enfatiza o processo de evolução humana na sua historicidade, considerando-se as relações sociais e culturais num movimento dialético. Esta perspectiva contribuiu para melhor compreender, interpretar, entender e analisar o processo de constituição do sujeito com deficiência intelectual. O trabalho de campo foi realizado em duas escolas de Ensino Fundamental I da rede municipal, numa cidade da região Sul do estado de Santa Catarina. Em uma das escolas foi observada a sala de aula regular e, na outra, a sala de atendimento educacional especializado, numa turma de 2º ano, com duas crianças de 8 anos, um menino com Síndrome de Down e uma menina com hipótese de diagnóstico de deficiência intelectual. Os recursos utilizados foram os de vídeo-gravação, registro em diário de campo e entrevistas gravadas com pais, professores e estagiária. Durante as observações, privilegiou-se a análise detalhada do processo vivido pelas crianças no cotidiano da escola. Os dados foram organizados em três eixos temáticos: o primeiro reúne situações em que o outro fazia a tarefa pelo aluno; o segundo refere-se à situações em que houve atividades partilhadas, coletivas; e o terceiro trata de situações em que os alunos buscam realizar a atividade com autonomia ou que os outros dão espaço para a conquista da autonomia. Os resultados obtidos indicam que as marcas da deficiência apresentam-se de forma recorrente nos modos de interação com o menino, tratando-o de forma infantilizante, mostrando que para ele o importante é ser cuidado, protegido. As atividades escolares propostas estavam muito além do que o menino podia resolver, ou de forma “minimalista”, subestimando sua capacidade de aprendizagem, pois a escola ainda trabalha na perspectiva da homogeneidade e também com o produto das atividades, deixando de conceber a aprendizagem como processual e impulsionadora do desenvolvimento. Diante dessas contradições, Beto vai se constituindo num espaço em que é visto mais como “objeto” do que sujeito de aprendizagem. Bia, por não ter a marca da deficiência, é vista como “culpada” por não aprender, as expectativas com relação a ela são baixas, e, quando ela se posiciona, no sentido de falar, fazer, articular, argumentar, suas atitudes não são significadas pelo seu grupo. Significar as ações produzidas por crianças com deficiência ainda é algo pouco vivenciado, o que poderia contribuir para a participação do aluno e para a garantia da autonomia. Conclui-se que há necessidade de mudanças na forma de olhar para o sujeito com deficiência intelectual e ações que não se restrinjam a avaliar o que o sujeito já sabe, mas sim, que proporcione oportunidades significativas de avançar no conhecimento.
Abstract
This paper addresses the constitution of students with intellectual deficiency, focusing on social practices experienced daily at school, analyzing possible relations to autonomy. The objective was to find out how concrete experiences lived at school are being internalized for these students. The research is based methodologically in historical-cultural perspective that emphasizes the process of human evolution, considering the social and cultural relations in a dialectical movement. This perspective was important to know and analyze the processes about constitution of students with intellectual deficiency. A work was conducted in two public elementary schools in town in the southern state of Santa Catarina. One of that schools was noticed a regular classroom and the other, the Specialized Education Care Room, in a second grade a student 8 years old children, a boy with down syndrome and a girl with hypotheses of intellectual disability. The resource used was a video recording, and a diary field, as well as interviews with parents, teachers and trainee. During the observations, the focus was the process lived by the children in the routine school, therefore, we organized the data in three thematic axes. The first includes situations in which the other made the tasks for the student, the second refers to situations in which there are shared, activities and the third is about situations in which student makes the activity with autonomy. Some results indicate that the marks of disabilities presented repeatedly in the modes of interaction with the child, treating him in an infantile way, showing for him that the important is be carefully protected. This school activities proposed were way beyond what the boy could solve or in a minimalist way underestimating their learning ability, because the school works with homogeneity and with the product of the activities, failing to help of the learning like a procedural and stimulating of development. In front of these contradictions, Beto is going to constitute himself in the place that it seems more like an object than a learning subject. The girl that doesn’t have the deficiency, she seem like somebody “guilty” for not learning, the expectations about her are low, and when she stands in order to speak, do, argue, articulate, her attitudes are not meaningful for her group. The actions produced by children with disability are something little experienced, that could contribute to student participation and autonomy. To summarize it is necessary to change in order to look the person with intellectual disability and actions that are not restricted to evaluate what the person already knows but that provides meaningful opportunities improving the knowledge.