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Título
O Currículo de Geografia do Ensino Médio das Escolas Públicas Estaduais de São Paulo: Implicações do uso de competências
Orientador
PROFº. DRº. THIAGO BORGES DE AGUIAR
Autor
ELIANA MARIA FERIN
Palavra chave
Currículo. Competência. Geografia. Políticas Públicas. Ensino Médio.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
27/02/2015
Nº Downloads
3577
Resumo
Sob o discurso da ineficiência das escolas públicas e do baixo resultado apresentado
pelos alunos, em 2007, foi criada a Proposta Curricular do Estado de São Paulo, atrelada
ao programa educacional São Paulo Faz Escola, para ser implementada em todas as
escolas da rede pública estadual, para o Ensino Fundamental (ciclo II) e para o Ensino
Médio, visando uma base comum de conhecimentos e competências para todos. Nestas
circunstâncias, esta dissertação procurou compreender o contexto político e econômico
de surgimento da atual reforma curricular do Estado de São Paulo, analisar a concepção
de currículo presente nos documentos oficiais, bem como o sentido do uso do termo
“competências” no currículo de Geografia do Ensino Médio e algumas limitações
teóricas dele. Os resultados obtidos por meio de análise documental-bibliográfica
indicam que, na década de 90, ocorreram mudanças no setor educacional, influenciadas
por agências internacionais de financiamento destinadas aos países periféricos.
Realizamos, então, estudos sobre as orientações curriculares do Banco Mundial para a
educação, de bases neoliberais, tentando compreender sua relação com esta reforma. No
cotejo dos documentos, percebemos similitudes entre as orientações das agências de
financiamento e o que se apresenta no documento curricular paulista, como sua
elaboração ser realizada principalmente pelo poder central, currículo padronizado e a
aprendizagem referenciada na formação de competências. Além disso, passaram a
existir nas escolas sistemas de gerenciamento, bonificação meritocrática e
responsabilização. Nesta concepção, observamos semelhanças também com a
perspectiva tecnicista de ensino, objetivando atender as exigências dos novos padrões de
mercado. Os estudos sobre as propostas curriculares de Geografia mostraram que, na
década de 70, as disciplinas Geografia e História foram retiradas do currículo. Hoje,
percebemos uma desvalorização das Ciências Humanas, por conta da diminuição da sua
quantidade de aulas na grade curricular paulista para o Ensino Médio. Quanto aos
autores que fundamentam o currículo de Geografia, suas ideias são usadas de forma
fragmentada, existindo dificuldade na distinção da autoria de alguns conteúdos.
Ademais, é possível perceber que os conteúdos priorizam questões políticas e
econômicas. Na visão dos autores que discutem o uso de competências na educação,
apesar de sua polissemia, a maioria relaciona à formação para o trabalho. Também
percebemos que a proposta de uma formação referenciada em competências para o
currículo de Geografia, desarticula e torna os conteúdos menos relevantes, visto que a
preocupação é o desenvolvimento destas. No caso específico da disciplina Geografia,
enfatizamos também as dificuldades relativas ao pouco tempo de aula para o trabalho
com os conteúdos no Ensino Médio.
Abstract
Under the discourse of the inefficiency of public schools and low results presented by
students, in 2007, the Curriculum Proposal of the State of São Paulo was created, linked
to the educational program São Paulo Makes School, to be implemented in all public
schools, for Elementary Education (Cycle II) and high school, towards a common base
of knowledge and competences for all. At this background, this dissertation sought to
understand the political and economic context of the emergence of the current curricular
reform in São Paulo State, analyze the design of this curriculum in official documents,
as well as the sense of using the term "competences" in the high school Geography
Curriculum and some theoretical limitations of its use. The results obtained through
documentary-literature review indicate that, in the 90s, there were profound changes in
the educational sector, influenced by international funding agencies for the peripheral
countries, linking public school education and economical development. We then
studied the curriculum guidelines of the World Bank for education, from neoliberal
bases, trying to understand the relationship between these guidelines and the curricular.
Collating the documents, we can see similarities between the guidelines of the funding
agencies and what is presented in the São Paulo curriculum document, such as
curriculum development restricted to the central power, curriculum standardization and
the referenced learning in training competences. Moreover, schools have adopted
management systems founded on meritocracy, in bonus and accountability. In this
conception, similarities can be observed with the teaching technicist perspective, aiming
to meet the demands of the new market standards. Studies on the proposed curriculum
of Geography showed that, in the 70s, the Geography and History subjects were
removed from the curriculum. Today, we see a devaluation of the humanities, due to the
decreased amount of classes in the state curriculum for the humanities. As for the
authors that support the Geography curriculum, their ideas are used in a fragmented
way, existing difficulty in distinguishing the authorship of some content. The contents
prioritize political and economic issues. As for the theoretical foundation of the term
"competences" in the curriculum, despite its polysemy, most of the authors view it
associated to work. We also realize that the proposed training referenced in
competences for the Geography curriculum, such as the São Paulo document,
dismantles and makes content less relevant, since the concern is the development of
competences. In the specific case of Geography discipline, we also emphasize the
difficulties relating to the reduction of working hours.