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Título
MARCAS DA AÇÃO PROFISSIONAL E SUAS RELAÇÕES COM A FORMAÇÃO INICIAL: O QUE DIZEM AS ENFERMEIRAS
Orientador
PROFA. DRA. IDA CARNEIRO MARTINS
Autor
JACQUELINE DE MELLO LIBARDI
Palavra chave
Enfermeira Assistencial; Formação Inicial; Atuação Profissional; Paulo Freire.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
28/04/2016
Nº Downloads
647
Resumo
Na atuação da enfermagem é preciso que se reconheça a existência dos âmbitos preventivos e curativos, assim como as relações entre saúde e doença. De um lado, o preventivo enfatiza a promoção da saúde, do outro, as medidas curativas decorrentes do enfrentamento de doenças. Nem sempre a formação inicial em enfermagem aborda, satisfatoriamente, os conhecimentos necessários de modo a possibilitar a adequada inserção das profissionais no âmbito do trabalho. Nesta dissertação trataremos do âmbito curativo, as enfermarias de clínica médica, cirúrgica e pediátrica. Observando tais aspectos, temos como objetivo apreender, a partir de depoimentos de egressas dos cursos de ensino superior de enfermagem, as marcas e tensões relacionadas à ação profissional no âmbito curativo e as relações que estabelecem entre os conhecimentos adquiridos e as experiências vivenciadas na formação inicial e o seu processo de atuação profissional e, para tal, nos apoiamos em princípios explicitados na teoria de Paulo Freire. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais com roteiros estruturados compostas por perguntas sobre a trajetória da formação inicial e da atuação profissional. Foram entrevistadas sete enfermeiras assistenciais que atuam nas enfermarias de clínica-médica, clínica-cirúrgica e pediátrica. Para a interpretação dos dados obtidos, nos apoiamos na análise de conteúdo de Moraes (1999), e no enfoque das teorias de Paulo Freire, na qual extraímos categorias temáticas pré-selecionadas a partir desta teoria, em especial, aquelas relativas à Constituição Profissional, ao Diálogo e à Práxis, que foram obtidas em três de suas obras, sendo elas: Pedagogia do oprimido (1983), Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1994) e Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (1996). Através das análises realizadas podemos considerar que as enfermeiras apresentam indícios em seus depoimentos de marcas e tensões em relação à constituição profissional, sendo que três aspectos que estão bem delimitados: a escolha profissional se delimitou como uma opção em cuidar do outro e traz forte carga humanista; a formação inicial se apresentou como distanciada do campo de ação profissional o que dificultou a inserção no âmbito curativo; em especial esta condição acabou por gerar medo e insegurança para a atuação, considerando-se a complexidade de ações necessárias no âmbito hospitalar. Concluímos que o que marca os depoimentos das enfermeiras considerando-se a práxis da atuação no âmbito hospitalar pode ser observado que: estas profissionais refletem sobre a sua ação profissional, modificando tanto as técnicas como os modos de se relacionar com os pacientes; que as mesmas são comprometidas profissionalmente, mas que tal compromisso está mais voltado à melhoria das condições daquele que atende e não de suas condições de trabalho; se verificarmos tais marcas poderemos perceber que há um tensionamento, que acaba por determinar uma condição de impedimentos de efetivas mudanças relacionadas à atuação destas profissionais, não permitindo que propiciem e imponham condições de superação dos modos de vivenciar a profissão. A enfermeira deve ser, portanto, uma educadora, transformadora, emancipadora e libertadora que almeja a mudança de comportamento dos pacientes e de suas condições de trabalho, o que pode se dar a partir da transformação e recriação da realidade instituída.
Abstract
In the work of nursery it is necessary to recognize the existence of a preventive and a curative sphere as well as the relations between health and disease. On the one hand, preventive care emphasizes health promotion, on the other hand, curative measures result from treating a disease. Not always the initial formation in nursery satisfactorily treats the knowledge necessary to assist professionals in their insertion in the work environment. In this dissertation I address the curative sphere, the infirmary in medical clinic, surgery, and the pediatric ward. Observing such aspects, my aim is to apprehend, working with interviews with recent graduates in nursing programs, the marks and tensions related to their professional performance in the curative care and the relations that they establish between their acquired knowledge and the lived experiences in their initial formation and during the process of their professional performance and, for that purpose, I rely on the principles made explicit in Paulo Freire’s theory. Data collection was realized by means of individual interviews with a structured script. Seven nurses were interviewed who work in the area of curative care, in the medical-clinic, surgery-clinic, and pediatric wards. To interpret the data obtained from the interviews, I relied in the content analysis provided by Moraes (1999) and on the focus provided by Paulo Freire’s theory from which I extracted pre-selected thematic categories, particularly those related to Professional Constitution, from Dialogue to Praxis, both of which obtained from three of his works, namely, Pedagodia do Oprimido [Pedagogy of the Oppressed] (1983), Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar [Teacher yes, Aunt No: letters to those who dare teaching] (1994), and Pedagodia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa [Pedagogy of Autonomy: necessary knowledge for educational practice] (1996). From the analyses of the interviews, one can consider that nurses show, in their interviews, signs of marks and tensions in relation to their professional constitution, particularly in three clearly defined aspects: their professional choice was limited to the care of others and contained a deep humanistic vein; the initial formation was distant from the field of professional performance, which made the nurse’s insertion into curative care difficult; especially, this condition resulted in fear and insecurity for the nurse’s performance given the complexity of the demands of the hospital setting. Concluding from the marks of the reports provided by the nurses considering the praxis of the performance in the hospital setting, I observe that: these professionals reflect about their professional performance, modifying both techniques and modes of relating with patients; they also are professionally committed, but said commitment is directed toward the improvement of the patient and not of the work conditions necessary to achieve this goal; once we verify these marks we can perceive that there is a tension that ends up hindering effective changes related to the performance of these professionals, forbidding them from fostering and setting up the conditions to overcome the ways of experiencing their profession. The nurse must, therefore, be an educator, transformer, emancipator and liberator that seeks the change of the behavior of their patients and their work conditions, something that can take place beginning with the transformation and recreation of the established reality.