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Título
ESCOLA PARA QUÊ? REFLEXÕES SOBRE A FUNÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL PAULISTA
Orientador
PROFª. DRª. ANDREZA BARBOSA
Autor
YEDA STRADA RAAB
Palavra chave
Função da Escola. Escola Pública. Educação Básica. Políticas Públicas em Educação.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
22/02/2016
Nº Downloads
9949
Resumo
Pesquisas têm abordado a função da escola, contudo, muitas vezes este tema não é o foco principal e, sendo tratado como um dado pronto, parece não carecer de maior aprofundamento empírico, posto que já se tem algum delineamento teórico que garante a definição da função da escola. Neste sentido, é possível enaltecer a importância em se voltar o olhar para esta temática, pensando que os fenômenos estudados no cotidiano escolar estão atravessados por uma intenção maior que implica nesta função social, a qual, inevitavelmente, interfere nos fenômenos outros que caracterizam o dia a dia escolar. Deste modo, com o intento de pensar a função da escola pública estadual paulista de Educação Básica, acreditando que a escola não se explica por si própria, mas sim através da relação que estabelece com a sociedade, esta pesquisa recorreu à articulação entre três fontes de informação: os documentos oficiais, a literatura e o campo empírico. No caminho percorrido teve-se como referencial teórico o auxílio de autores cuja matriz teórica é o materialismo histórico e dialético, como: Saviani, Luria, Leontiev e Vigotski, por exemplo. Com este olhar objetivou-se identificar e analisar a função atribuída à escola pública estadual paulista expressa em documentos oficiais, bem como a elaborada por professores e alunos. Com este intento, foi realizada revisão de literatura sobre o tema; foram analisados documentos oficiais como a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Constituição Paulista e, ainda, o documento base referente ao programa São Paulo Faz Escola, buscando observar a função atribuída à escola; e, também, foi colocada em questão qual a função da escola para um grupo de alunos e um grupo de professores. A pesquisa empírica foi realizada numa instituição pública estadual paulista localizada no interior do estado de São Paulo e contou com a participação de 11 sujeitos, entre alunos e professores, em entrevistas coletivas. Desta coleta de informações empíricas foram criados e analisados dois núcleos temáticos: a função da escola para o trabalho e a função da escola para o conhecimento. Defendendo-se como referencial a ideia de que cabe à escola a função de socializar o conhecimento construído pela humanidade através dos tempos, com esta pesquisa se fez possível observar e refletir que os documentos oficiais que embasam o funcionamento da escola pública estadual paulista não abordam com clareza a função da escola, utilizando termos que carecem de conceituação, abrindo margem para diversas interpretações. Por sua vez, com o grupo de alunos é possível observar que, embora não abordem com especificidade, existe a crença no que é e no que deveria ser a função da escola. Tecendo relações entre presente e futuro, estes alunos trazem que a escola existe para proporcionar formação para o trabalho, mas não apenas, existe para ensinar e acreditam ainda que esta deveria existir para que os alunos saíssem dela “sabendo tudo”. Já com os professores é possível apreender a crença de que esta escola não tem feito sentido para os alunos. Tendo suas tarefas docentes atravessadas por inúmeras demandas, os professores abordam a dificuldade em atingir os alunos, evidenciando um contexto no qual a escola aparece esvaziada de sentido. No entanto, articulando os olhares dos participantes com o referencial e a análise dos documentos oficiais se faz possível ponderar que esta escola, que atende à classe trabalhadora, tem fundamentado sua função em uma proposta de educação limitada, disseminando conhecimentos básicos para o trabalho, distanciando-se demasiadamente da socialização do saber e da produção deste saber.
Abstract
Research has addressed the role of the school, however, this topic is not often the main focus and, being treated as pre-established data, it does not seem to lack empirical deepening it has, since it already has some theoretical fundaments that ensures the definition of the school role. Therefore, it is possible to highlight the importance of focusing on this issue, considering that the phenomena studied in school life are crossed by a higher intention that implies this social role, which inevitably interferes with other phenomena that characterize the daily life in school. Thus, in order to think about the role of the São Paulo state public school of basic education, believing that the school can not be explained by itself, but through the relationship established with society, this research resorted to three sources of information: official documents, literature and the empirical field. The study held as theoretical reference the backing of authors whose theoretical framework is the historical and dialectical materialism, as Saviani, Luria, Leontiev and Vygotsky, for example. Thus the study aimed to identify and analyze the assigned role of the São Paulo state public school expressed in official documents as well as elaborated by teachers and students. To that end, a literature review on the subject was performed. Official documents were analyzed, such as the Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988, the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDB), the São Paulo Constitution, and the base document for the program named São Paulo Faz Escola (São Paulo Builds Schools), seeking to observe the role assigned to the school. The study also questioned what is the role of the school for a group of students and a group of teachers. The empirical research was carried out in a São Paulo state public institution located in the countryside of the state of São Paulo and surveyed 11 individuals, including students and teachers, in collective interviews. From this collection of empirical information there were created and analyzed two core themes: the school role for work and school role for knowledge. Having as a reference the idea that it is up to the school the function of socializing the knowledge built by mankind through the ages, during this research it became possible to observe and reflect that the official documents that support the operation of the São Paulo state public school does not deal clearly with the school function, using terms that lack conceptualization, opening room for different interpretations. Within the group of students it can be seen that, while not addressing the issue with specific language, there is a belief in what is and what should be the role of the school. Weaving relationships between present and future, these students say that the school exists to provide training for work and to teach, and believe that it should exist for students to come out of it "knowing everything." From the teachers, it is possible to apprehend the belief that the school has not been making sense for students. Having their work tasks crossed by numerous other demands, teachers report the difficulty in reaching the students, and therefore revealing a context in which the school appears emptied of meaning. However, articulating the views of participants with the framework and the analysis of official documents, it is possible to consider that the school, which serves primarily the working class, has based its function in a limited education proposal, disseminating basic knowledge for work, very distant of the socialization of knowledge and production of this knowledge.