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Título
A VIOLÊNCIA NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE ESTADUAL DA CIDADE DE LIMEIRA-SP
Orientador
Profa. Dra. Ana Carolina Capellini Rigoni
Autor
FELIPE GUSTAVO BARROS NUNES
Palavra chave
Violência, Educação Física, Escola.
Grupo CNPQ
Programa
MS - CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
Área
CIÊNCIAS DA SAÚDE
Data da defesa
20/02/2018
Nº Downloads
765
Resumo
Frequentemente nos deparamos com notícias sobre casos de violência que acometem a sociedade brasileira. Este fenômeno, consequentemente, se reflete nas escolas, nas quais podemos observar crianças e adolescentes envolvidos em atos violentos cotidianamente. Concebida de várias formas na relação social, a violência pode ser caracterizada, a grosso modo, como imposição de algo realizado por um indivíduo/grupo social a outro indivíduo/grupo social contra a sua vontade, com uso de força ou não. Considerando a violência como um fenômeno social, neste trabalho, interessa-nos pensá-la nos modos como ela se manifesta no contexto escolar e, mais especificamente, nas aulas de EF. Esta disciplina coloca em evidência o corpo do aluno, dando visibilidade não só a composição corporal dos alunos, mas também às suas habilidades e inabilidades. Estas diferenças relacionadas ao corpo e ao movimento tornam-se, muitas vezes, justificativa para o preconceito e para a manifestação da violência durante as aulas. Dessa forma, é importante nos questionarmos sobre a concepção de violência com a qual tais professores trabalham e como agem frente a ela. Esta pesquisa, de caráter qualitativo, teve como objetivo analisar e compreender qual é o conceito de violência com qual operam os professores de EF escolar. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco professoras de EF da Rede Estadual de Ensino da cidade de Limeira - SP. O critério utilizado para a seleção das professoras foi a condição de que estivessem atuantes na disciplina por, pelo menos cinco anos. Os dados foram analisados, levando-se em conta questões como: quais são as diferentes formas de manifestação da violência nas aulas de EF; como os professores de EF percebem e compreendem esta violência; como eles atuam quando se deparam com estas situações em suas aulas. Percebemos, durante a análise dos dados, que alguns professores concebem a violência, em suas aulas, como manifestações agressivas tanto no aspecto físico quanto simbólico, como, por exemplo, através do desrespeito, de xingamentos e da agressão, em si. Percebemos que, para as professoras entrevistadas, tal violência não se manifesta apenas nas relações entre os alunos, mas também nas relações entre elas e os alunos e entre elas e os pais. Constatamos que, de maneira geral, as professoras se sentem despreparadas para enfrentar a violência na escola. Tal sensação de despreparo aponta para uma deficiência na formação acadêmica das professoras participantes da pesquisa, que alegam não terem recebido, ao longo do curso de EF, subsídios necessários para tratar do tema em questão. Os relatos feitos pelas professoras revelam proximidade com diversas pesquisas atuais sobre a educação no Brasil e apontam para problemas estruturais e institucionais. Consideramos, portanto, que o problema da violência na escola reflete as contradições da própria sociedade e, por isso mesmo, deveria ser tema obrigatório nos cursos de formação, bem como pauta principal nas discussões de legisladores e gestores da Educação Nacional.
Abstract
We often come across stories about cases of violence that affect Brazilian society. This phenomenon, consequently, is reflected in schools, in which we can observe children and adolescents involved in violent acts everyday. Conceived in various ways in the social relation, violence can be roughly characterized as imposing something done by an individual / social group to another individual / social group against their will, with the use of force or not. Considering violence as a social phenomenon, in this work, we are interested in thinking about how it manifests itself in the school context and, more specifically, in EF classes. This discipline emphasizes the student body, giving visibility not only to the students' body composition, but also to their abilities and disabilities. These differences related to body and movement often become a justification for prejudice and for the manifestation of violence during class. In this way, it is important to question the conception of violence with which these teachers work and how they act in front of them. This qualitative research aimed at analyzing and understanding the concept of violence with which school EF teachers operate. For that, we conducted semi-structured interviews with five EF teachers from the State Teaching Network of the city of Limeira - SP. The criterion used for the selection of the teachers was the condition that they were active in the discipline for at least five years. The data were analyzed, taking into account issues such as: what are the different forms of manifestation of violence in EF classes; how EF teachers perceive and understand this violence; how they act when they encounter these situations in their classes. During the analysis of the data, we noticed that some teachers conceive violence in their classes as aggressive manifestations in both the physical and symbolic aspects, such as disrespect, cursing and aggression, as such. We have noticed that, for the teachers interviewed, such violence is not only manifested in the relations between the students, but also in the relations between them and the students and between them and the parents. We found that, in general, teachers feel unprepared to face violence at school. This feeling of lack of preparation points to a deficiency in the academic formation of the teachers participating in the research, who claim that they did not receive the necessary subsidies during the EF course to deal with the subject in question. The reports made by the teachers reveal proximity to several current research on education in Brazil and point to structural and institutional problems. We consider, therefore, that the problem of violence at school reflects the contradictions of society itself and, for this reason, should be a mandatory subject in training courses, as well as a main agenda in the discussions of legislators and managers of National Education.