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Título

AINDA AUSCHWITZ...? A BARBÁRIE E A BANALIDADE DO MAL NO NEOLIBERALISMO: DIÁLOGO CRÍTICO A PARTIR DE THEODOR ADORNO E HANNAH ARENDT

Orientador

PROF. DR. ALLAN DA SILVA COELHO

Autor

JOSÉ AILTON CARLOS LIMA CORREIA

Palavra chave

Neoliberalismo; Auschwitz; Barbárie social; Banalização da injustiça social; Educação; Theodor Adorno; Hannah Arendt.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

06/02/2018

Nº Downloads

2866

Resumo

Seria razoável pensarmos que estaríamos vivendo, hoje, sob condições semelhantes à Auschwitz, agora capitaneada pela lógica do capitalismo neoliberal? No frontispício de Auschwitz estava escrita a frase perturbadora: o trabalho liberta. Antes, em nome do trabalho, o campo de concentração de Auschwitz mutilava os corpos das pessoas até a morte. Hoje, provavelmente, outra lógica de sofrimento social está em curso na sociedade contemporânea identificada nas relações degradantes de trabalho no mercado capitalista as quais acreditamos derivarem de uma nova Auschwitz; essa, ao invés dos corpos, mutila consciências e subjetividades humanas em nome do mercado a fim de torná-las mercadorias. Trata-se de um mecanismo semelhante de morte pelo trabalho que não liberta: o neoliberalismo. A consequência funesta deste novo quadro categorial é a incapacidade de reflexão dos indivíduos, o prejuízo da autonomia e a perda da responsabilidade social que, em última análise, tem gerado a banalidade cultural dos coletivos que podem gerar novas barbáries na sociedade como ocorridas na II Guerra Mundial; e Auschwitz tornou-se o paradigma da decadência humana, a desfiguração formativa do processo civilizatório moderno. Assim, o argumento principal que direciona toda a nossa pesquisa se assenta na hipótese que estamos vivendo, na contemporaneidade, semelhante violência de guerra; porém, de caráter tácito orientado pelo mercado neoliberal capitalista, cujos mecanismos de dominação são subjetivos e pouco identificáveis na sociedade e educação; e tem feito da vida humana uma dinâmica de mercadorização, nos confinando para novos campos de concentração modernos à semelhança da antiga Auschwitz; agora, pelo sofrimento social do trabalho causado pelas relações de mercado e consumo, o que tem gerado barbáries sociais e banalidades no indivíduo social. Para refletir criticamente sobre esta cultura de dominação capitalista e educação de passividade, as quais assistimos hoje, adotamos os referenciais conceituais de Theodor Adorno e Hannah Arendt sobre barbárie social e banalidade do mal respectivamente para o desenvolvimento de nossa pesquisa, bem como suas contribuições para a educação. A convergência do pensamento dos autores manifesta a urgência da reflexão crítica sobre educação como a necessária resistência às possíveis reincidências de barbáries na sociedade. Como disse Adorno em seu ensaio Educação após Auschwitz: “para a educação, a exigência que Auschwitz não se repita é primordial”.

Abstract

Would it be reasonable to think that we would be living today under similar conditions to Auschwitz, which is guided by the neoliberal capitalism logic? The disturbing phrase was written at Auschwitz frontispiece: "work sets you free". At that time, Auschwitz concentration camp mutilated people's bodies to death in the name of work. Nowadays, probably, another logic of social suffering is ocurring in contemporary society. It is identified by the degrading relationships of labor in the capitalist market, which we believe derives from a new Auschwitz. This new logic, instead of destroying bodies, mutilates human consciences and subjectivities in the name of the market aiming to make them commodities. This similar death mechanism through work that does not liberate is neoliberalism. The disastrous consequence of this new categorical panorama are the individuals inability to reflect, the autonomy loss and the social responsibility loss. Ultimately, this new panorama generated the cultural banality of collectives that can create new barbarities in society as occurred in World War II. Auschwitz became the paradigm of human decadence, the formative disfigurement of the modern civilizational process. Therefore, the main argument that leads all our research is based on the hypothesis that we are experiencing similar violence of war in the presente day. However, this violence presents itself with a tacit character oriented by the capitalist neoliberal market, whose domination mechanisms are subjective and hard to identify in society and education. This has made a dynamic merchandising of human life, confining us to new modern concentration camps in the same way as the old Auschwitz. Now, the social suffering of the work caused by the relations of market and consumption has generated social barbarities and banalities in the social individual. Aiming to reflect critically on this culture of capitalist domination and passivity education, that we are witnessing today, we adopt for our research development the conceptual frameworks about social barbarism and evil banality of Theodor Adorno and Hannah Arendt respectively, as well as their contributions to the education. The authors convergence of thought expresses the urgency for critical reflection on education as being necessary to resist the possible barbarism relapse in society. As Adorno said in his essay, Education after Auschwitz: "the demand that Auschwitz not repeat itself is primordial for education."