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Título
O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS CEGOS E O MOVIMENTO DA DESBRAILIZAÇÃO
Orientador
PROFA. DRA. MARIA INÊS BACELLAR MONTEIRO
Autor
ROSANA DAVANZO BATISTA
Palavra chave
desbrailização; cegueira; cego; alfabetização do cego; deficiência visual; sistema Braille.
Grupo CNPQ
Programa
DR - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
26/02/2018
Nº Downloads
7527
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo articular a discussão sobre os riscos da “desbrailização” de alunos cegos com as perspectivas do aprender a aprender, as concepções de alfabetização e letramento, as novas tecnologias e as políticas de educação inclusiva. Fundamenta-se na perspectiva histórico-cultural de desenvolvimento humano, que enfatiza que as crianças não aprendem a escrever a partir do contato direto entre elas e as letras, sílabas ou textos, mas precisam de um trabalho intencional dos professores, que requer, portanto, um ensino deliberado, arbitrariedade e níveis de abstração complexos. Partimos da suposição de que o aluno cego não está tendo hoje a oportunidade de apropriar-se satisfatoriamente do sistema de leitura e escrita braille, e isso pode impedir seu acesso ao conhecimento produzido pela sociedade. A desbrailização, ou seja, a subutilização do sistema braille na educação de alunos cegos, impede a criação de condições para de sua alfabetização e limita a formação das funções psíquicas, tendo em vista que a escrita envolve abstração e processos complexos. O interesse pelo estudo do Sistema Braille acompanha-nos desde a dissertação, quando enfatizamos a importância do uso de material digitalizado e da escrita braille na vida de alguns cegos adultos. O corpus da pesquisa é composto por dados levantados em entrevistas realizadas durante minha pesquisa de mestrado, por observações realizadas durante um ano de acompanhamento de dois meninos cegos em uma escola pública estadual da rede estadual de ensino de Piracicaba – SP durante o doutorado e por revisão da literatura sobre o braille no processo de alfabetização de alunos cegos. A partir destes dados, discutimos a alfabetização do aluno cego no contexto atual da escola inclusiva. Consideramos que a escola regular, embora acolha os alunos cegos, ainda mostra dificuldade em garantir seu acesso, aprendizado e permanência na escola. Atribuímos o movimento de desbrailização a diferentes fatores: 1. os equívocos trazidos pelo construtivismo e o lema “aprender a aprender”; 2. o surgimento de novas tecnologias consideradas substitutivas ao aprendizado do braille, mas que não alfabetizam; 3. a dificuldade de implantar políticas públicas voltadas à inclusão sem a garantia de condições concretas de ensino.
Abstract
The objective of this work is to articulate the discussion about literacy and the risks of depriving blind students of the use of the Braille system due to the learning to learn approach, the conceptions of literacy and lettering, and the new technologies and policies of inclusive education. It is based on the cultural-historical approach of human development, which emphasizes that children do not learn to write from the direct contact with letters, syllables or texts, but they need an intentional work of teachers, deliberate teaching, arbitrariness, and complex levels of abstraction. We started from the assumption that today the blind student does not have the opportunity of satisfactorily appropriating the braille reading and writing system, which can prevent their access to the knowledge produced by society. Debrailization, that is, the underutilization of the Braille system in the education of blind students prevents the creation of conditions for the literacy of blind students and limits the development of psychic functions since writing involves abstraction and complex processes. The interest in the study of the Braille System accompanies us since dissertation when we emphasized the importance of blind adults using digitized material and Braille writing. The corpus of this work is composed of data collected during interviews conducted during my master's research, by observations made during a year of follow-up of two blind children in a state public school of Piracicaba during my doctoral studies, and a literature review on the use of braille in the literacy process of blind students. Based on this information, we discuss the literacy of blind students in the current context of the inclusive school. We consider that the regular school, although having welcomed blind students, still has difficulty in assuring their access, learning, and permanence in school. We attribute this “debrailization” movement to different factors: 1. the misunderstandings brought about by constructivism and the "learning to learn” motto"; 2. the emergence of new technologies that were considered substitutes for the learning of Braille, but do not teach them how to read and write; 3. the difficulty in implementing public policies aimed at inclusion without the guarantee of concrete teaching conditions.