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Título
Efeito da ampliação de affordances no ambiente domiciliar no desenvolvimento motor e cognitivo de lactentes em situação de vulnerabilidade social: Ensaio clínico randomizado cego
Orientador
Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera Santos
Autor
AUDREI FORTUNATO MIQUELOTE
Palavra chave
Desenvolvimento Infantil, Desempenho Psicomotor, Lactente, Cognição, Ambiente.
Grupo CNPQ
Programa
DR - CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
Área
CIÊNCIAS DA SAÚDE
Data da defesa
15/12/2018
Nº Downloads
791
Resumo
Introdução: Lactentes em vulnerabilidade social estão em maior risco para atrasos no desenvolvimento e estudos têm demonstrado que um ambiente rico em estímulos pode favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo, promovendo maior funcionalidade e independência. Entretanto, há escassos relatos de estratégias para ampliar as oportunidades de ação/movimento no ambiente domiciliar para favorecer o desenvolvimento de lactentes socialmente vulneráveis. Objetivo: Avaliar o efeito da ampliação de affordances, oferecidas pela família, no desenvolvimento motor e cognitivo de lactentes em vulnerabilidade social. Método: Ensaio clínico randomizado controlado cego que incluiu a ampliação de affordances por meio de um protocolo de estimulação orientado aos pais com atividades e brinquedos a serem incorporados na rotina diária da família com o seu lactente. O protocolo de estimulação foi composto por atividades descritas em um manual e de um kit com 3 brinquedos (chocalho, potes de empilhar e livro). As atividades eram descritas nas posições prono, supino, sentado e em pé, e deveriam ser realizadas pelo menos uma vez ao dia, todos os dias, ao longo de quatro semanas. Foram incluídos lactentes entre 6-8 meses de idade, em situação de vulnerabilidade social (<50 pontos no questionário classificação econômica/ABEP e família/lactente participantes ou residentes em áreas assistidas pela Pastoral da Criança). Participaram 28 lactentes (idade 07±1,04 meses) alocados em dois grupos: 1) grupo intervenção 1 (intervenção a partir da 1ª avaliação), 2) grupo intervenção 2 (intervenção a partir da 2ª avaliação quando foi feita a inversão dos grupos quanto ao recebimento da estimulação). Foi considerado desfecho primário o desempenho motor [Bayley Scales of Infant and Toddler III (BSITD-III) e Alberta Infant Motor Scale] e desfechos secundários o desempenho cognitivo (BSITD-III) e o ambiente domiciliar (Affordances no Ambiente Domiciliar para o Desenvolvimento Motor - Escala Bebê). Foi pesquisado efeito do tempo, do grupo e interação tempo*grupo nos desfechos utilizando o General Linear Model medidas repetidas com post hoc Bonferroni. Calculado o Cohen’s d para o tamanho do efeito. Resultados: Foi observado efeito do fator tempo (avaliações 1, 2 e 3) no desenvolvimento motor grosso (p=0,041), motor global (p=0,007) e desempenho motor dos lactentes (p<0,001). Observado efeito na interação tempo*grupo no desempenho motor (p=0,045). Para o desfecho secundário foi identificado efeito do fator grupo no desenvolvimento cognitivo (p=0,042), identificado efeito do tempo na dimensão do ambiente brinquedos de motricidade fina e AHEMD-IS total (p<0,001). Conclusão: Os resultados apontam que ocorreram modificações nos desfechos primário e secundário nos grupos estudados, especialmente em função do fator tempo, com maior modificação no grupo intervenção 2, após recebimento da intervenção quando comparado à última avaliação. O desenvolvimento cognitivo apresentou as maiores medidas de efeitos, especialmente no momento após recebimento do protocolo de estimulação para ambos os grupos, sugerindo benefícios para esse desempenho após intervenção.
Abstract
Background: Infants in social vulnerability are at greater risk for developmental delays. Previous studies have shown that a stimulus-rich environment may positively impacts motor and cognitive development, promoting greater functionality and independence. However, there are a few reports of how to improve strategies for opportunities of action/ movement in the home environment to fulfill the infants’ development in social vulnerability. Aim: To verify the effect of amplifying motor affordances, conducted by families, on motor and cognitive of infants in social vulnerability. Method: This study is randomized controlled clinical trial, single blind, which included amplifying motor affordances by a parent-oriented protocol with activities and toys to be incorporate in the daily routine. The protocol was composed by activities described in a booklet and three toys (rattle, stacking/nesting cups and a baby plastic book). The activities consisted of playing in prone, supine, sitting and standing positions, and should be performed at least once a day, daily for 4 weeks. Infants in social vulnerability (<50 points in the questionnaire of economic classification/ABEP, and families/infants who participated or lived in areas assisted by the Pastoral da Criança) at 6-8 months old were included in the study. Twenty-eight infants (7.0±1.04 months-old) were randomly assigned to one of two groups: intervention group 1, which received the intervention after the first assessment; and intervention group 2, which received the intervention after the second assessment (inversion of groups receiving the intervention). Primary outcome measured was the motor performance by Bayley Scales of Infant and Toddler III (BSITD-III) and by Alberta Infant Motor Scale (AIMS). The secondary outcomes were the cognitive performance (BSITD-III) and affordances at home environment [Affordances in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale (AHEMD-IS)]. Generalized linear model with repeated measurements and Bonferroni adjustments was performed, considering the effect of time, group and interaction between time and group for all outcomes. The Cohen's d for effect size was also calculated. Results: Considering the time effect, there were significant effect for gross motor performance (p=0.041), global motor performance (p=0.007) and postural control of infants (p<0.001). There were also significant effects of group for cognitive performance (p=0.042), and of time for the dimension of fine-motor toys and total AHEMD-IS (p <0.001). Conclusion: The results indicate that changes occurred in the primary and secondary outcomes in both groups, especially for intervention group 2 considering the effect of time after receiving the intervention. The cognitive performance also showed greater effect size after intervention for both groups, suggesting benefits for the infant’s cognitive performance after intervention.