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Título
RELAÇÕES DE GÊNERO NO COTIDIANO ESCOLAR DE PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS SOCIAIS
Orientador
PROF.ª DR.ª RENATA H. P. PUCCI
Autor
MARINÁLIA LEMOS GONÇALVES VIDAL
Palavra chave
Relações de Gênero. Educação Infantil. Cotidiano Escolar. Práticas Pedagógicas. Mudanças Sociais.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
20/02/2019
Nº Downloads
436
Resumo
A presente pesquisa está inserida na área de estudos da formação de professores da Educação Infantil e tem como objetivo compreender como as professoras da Educação Infantil percebem as relações de gênero nas interações estabelecidas na escola no contexto das mudanças sociais. Para tanto, o estudo buscou responder quais as tensões que se estabelecem acerca das relações de gênero na escola, vivenciadas pelas professoras nas interações entre alunos, professoras e familiares e como as professoras tratam as situações que envolvem as relações de gênero nesse contexto. Parte-se do princípio que as questões levantadas na escola de Educação Infantil acerca das relações de gênero nas interações ali estabelecidas, dentro das diversas situações em que emergem, estão em intenso diálogo com o contexto histórico e cultural no qual as mudanças sociais acerca das relações de gênero estão em debate e em processo de constante mudança, que envolve tensão e conflito. Neste esteio, o estudo fundamenta-se teoricamente na abordagem histórico-cultural, com base nos estudos de Vigotski, perspectiva na qual é possível problematizar a cultura e a formação social do indivíduo e que amplia o olhar para a análise dos dados da pesquisa, colocando em diálogo os sujeitos da escola e o movimento histórico e cultural presente na sociedade acerca das relações de gênero. Para a construção dos dados foi utilizado um questionário semiestruturado aplicado para um grupo de oito professoras de uma escola de Educação Infantil de uma rede municipal de ensino do interior paulista e, em outro momento, para aprofundamento da temática, foi realizado um encontro de discussão entre os sujeitos. A análise dos dados aponta que as professoras percebem que as diferenças entre o que é típico de menino e menina são tensionadas dentro de um contexto socio-histórico e cultural em movimento. As mudanças sociais são significadas no contexto escolar pelas professoras em um (in)tenso diálogo, ora parecem aceitar as regras aparentemente naturalizadas que consolidam as diferenças sociais entre homens e mulheres, ora buscam se aproximar dos discursos contemporâneos da igualdade de gênero. Atuando em um contexto dentro do qual as relações de gênero na escola é um tema em disputa, e vivendo em uma sociedade onde as relações de gênero se encontram em constante debate, porém, que ainda se organiza prioritariamente por gênero, observa-se que as professoras, nos casos que envolvem decisões e posicionamentos que tensionam os parâmetros sociais mais arraigados acerca das relações de gênero, atuam para evitar o confronto social. Em suas práticas as docentes realizam apenas ajustes que atendam às mudanças sociais já estabelecidas, caminhando para a adequação das práticas aos discursos mais igualitários e não, ainda, para a promoção das transformações sociais no âmbito das relações de gênero na Educação Infantil.
Abstract
The present research was developed in the area of studies that refers to teaching practice in Early Childhood Education and aims to understand how these teachers understand gender relations in the interactions established in the school, in the context of social changes. Therefore, the study sought to answer what tensions about gender relations are established in the school and experienced by the teachers in the interactions between students, teachers and family members, and how the teachers treat situations that involve gender relations in this context. It is assumed that the issues raised in the school of Early Childhood Education about gender relations in the interactions that are established, within the various situations in which they emerge, are in intense dialogue with the historical and cultural context in which social changes about gender relations are in debate and in process of constant change. This study is based theoretically on the historical-cultural approach, based on the studies of Vygotsky, a perspective in which it is possible to problematize culture and the social formation of the individual, concepts that guide the analysis of the research data, putting in dialogue the subjects of the school and the historical and cultural movement present in society about gender relations. The data was constituted by a semi-structured questionnaire that was applied for a group of eight teachers from a school of Early Childhood Education placed in a city of São Paulo, and in another moment, to deepen the theme, a discussion meeting was held between these teachers. The analysis of the data indicates that the teachers understand that the differences between what is typical of boys and girls are tensioned within a socio-historical and cultural context in movement. The social changes are signified in the school context by the teachers in an (in)tense dialogue and, at times, teachers seem to accept the apparently naturalized rules that consolidate the social differences between men and women, but also, they seem to approach the contemporary discourses of gender equality. Acting in a context in which gender relations in the school is a disputed issue, and living in a society where gender relations are in constant debate, however, that is still organized primarily by gender, it is observed that teachers, in cases involving decisions and a positioning that stress the most deeply rooted social parameters about gender relations, act to avoid social confrontation. In their practices, teachers make only adjustments that attend to the social changes already established, moving towards the adaptation of the practices to more egalitarian discourses and not yet, for the promotion of social transformations within the scope of gender relations.