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Título
A condição feminina em Maria Lacerda de Moura: análise de configuração textual do livro renovação (1919)
Orientador
Profa. Dra. Glaucia Uliana Pinto
Autor
Tatiana Ranzani Maurano
Palavra chave
Maria Lacerda de Moura. Condição Feminina. Gênero. Patriarcado. Educação. Análise de Configuração Textual.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
22/02/2019
Nº Downloads
871
Resumo
A proposta deste estudo é trazer as contribuições dos escritos da educadora, feminista e anarquista do início do século XX, Maria Lacerda de Moura (1887-1945) sobre a condição feminina, fazendo aproximações possíveis dentro da discussão das categorias de gênero, patriarcado e educação e tomando como objeto de estudo seu segundo livro, Renovação, escrito em 1919. O objetivo foi fazer uma análise de configuração textual da obra Renovação e, assim, trazer à tona seus argumentos sobre a condição feminina e a educação em seu tempo, bem como os desdobramentos para os desafios da atualidade. Assim, como instrumento para o desenvolvimento de tal proposta, buscamos nos apropriar dos estudos de Maria do Rosário Longo Mortatti sobre a Análise de Configuração Textual, considerando as categorias gênero, patriarcado e educação como focos da análise. A compreensão da história da sociedade e, dentro dela, a de um determinado grupo social oprimido, bem como as elaborações do pensamento para a superação dessa condição, é crucial para captar a dimensão da dominação masculina dentro dela e, assim, buscar a transformação dessa realidade. Nas leituras feitas sobre os escritos de Maria Lacerda de Moura, destaca-se seu diferencial em relação aos pensamentos e escritos das mulheres brasileiras de sua época. Historicamente falando, Lacerda é de uma época em que as mulheres estavam lutando por seus direitos a melhores condições de trabalho e ao sufrágio. Destaca-se o que já falava a autora sobre a mulher poder escolher com quem vai se envolver, sobre a importância de ela
estudar, de instruir-se, sobre amor livre, sobre a escolha de ter ou não ter filhos, sobre sua condição de subjugada, tutelada, não apenas nas questões dos direitos, mas também nas questões do cotidiano, em um nível mais simbólico e particular, algo que começou a ser mais discutido e pontuado a partir da segunda metade do século XX (1960-1970). Nesse sentido, é notório o quanto Maria Lacerda de Moura ainda pode contribuir para as questões relacionadas à condição e subjugação feminina e para a reflexão sobre os conceitos de gênero, patriarcado e educação. Revisitar seus escritos, ou seja, olhar para a história, é ter cada vez mais a percepção do quanto a opressão da mulher está enraizada na construção histórica em nossa sociedade e do quanto ainda se mantém nos dias de hoje, seja pela não garantia dos direitos que conquistados, seja pela opressão simbólica e histórica que ela sofre cotidianamente. Revisitar sua obra foi a descoberta de caminhos para a renovação social.
Abstract
The proposal of this study is to bring the contributions of the early feminist and anarchist educator Maria Lacerda de Moura (1887-1945) on the female condition, making possible approximations within the discussion of the categories of gender, patriarchy, and education, and taking as the object of study her second book, Renovação, written in 1919. The objective was to make a textual configuration analysis of the work Renovação, bringing to light its arguments about the female condition and the education in her time, as well as today's challenges. As an instrument for the development of such a proposal, we sought to appropriate ourselves of Maria do Rosário Longo Mortatti's studies on Textual Configuration Analysis, considering the categories of gender, patriarchy, and education our focus. Understanding the history of society and that of a certain oppressed social group, as well as the elaborations of thought to overcome such condition, is crucial to grasp the dimension of male domination within society and seek the transformation of such reality. In the readings of Lacerda’s writings, the differences between her thoughts and those of the Brazilian women of her time stand out. Historically speaking, Lacerda lived in a time when women were fighting for their rights to better working conditions and suffrage. It is important to emphasize that the author spoke about women being able to choose with whom they would get involved, about the importance of female schooling and education, about free love, about choosing to
have children or not, about their subjugation and tutelage, and not only on matters related to rights, but also to the everyday life, on a more symbolic and particular level, something that became more discussed and emphasized on the second half of the twentieth century (1960-1970). In this sense, it is clear that Maria Lacerda de Moura can still contribute to issues related to the condition and subjugation of women and to the reflection on the concepts of gender, patriarchy, and education. Revisiting her writings, that is, looking at history, is to have a growing perception of how the oppression of women is rooted in our society’s historical construction and that it is still a reality today, whether by the non-guarantee of conquered rights or by the symbolic and historical oppression women suffer daily. Revisiting her work we found out ways for social renewal.