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Título

Efeitos do treinamento muscular inspiratório sobre a função pulmonar, muscular respiratória, capacidade funcional e qualidade de vida de indivíduos com insuficiência renal crônica submetidos a hemodiálise: estudo randomizado e controlado

Orientador

Eli Maria Pazzianotto-Forti

Autor

Ana Flavia Rachid de Medeiros

Palavra chave

Doença renal crônica. Músculos respiratórios. Espirometria. Aptidão cardiorrespiratória. Qualidade de vida.

Grupo CNPQ


Programa

MS - CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

13/02/2020

Nº Downloads

323

Resumo

Definida por anormalidades funcionais e estruturais dos rins, a doença renal crônica (DRC) é caracterizada por perda irreversível e progressiva da função renal, por tempo superior a três meses, decorrente de inúmeras doenças que comprometem os rins. Classificada em cinco estágios, sendo o Grau V denominado insuficiência renal crônica (IRC). Além do comprometimento renal, o tratamento de hemodiálise (HD), leva o indivíduo a desenvolver a síndrome urêmica, afetando múltiplos sistemas, incluindo o sistema respiratório e músculo esquelético. O treinamento muscular inspiratório (TMI) vem sendo utilizado para tratar pacientes em diversas situações buscando melhorar a função muscular inspiratória, capacidade funcional, dispneia aos esforços e a qualidade de vida, mas, não foi amplamente estudado em indivíduos com IRC. Os objetivos deste estudo foram avaliar os efeitos do TMI, na função pulmonar e muscular respiratória, capacidade funcional e cardiorrespiratória, e na qualidade de vida de indivíduos com IRC em HD. Foram estudados 21 indivíduos com IRC, submetidos à HD, randomizados em dois grupos: grupo treinamento muscular inspiratório (TMI) (idade [53,82±8,98] anos) e grupo controle (GC) (idade [54,67±5,77] anos). A avaliação constou, de anamnese, avaliação muscular respiratória, por meio das medidas da pressão inspiratória máxima (PImáx), pressão expiratória máxima (PEmáx) e pressão Inspiratória Máxima Sustentada (PImáxS); avaliação da função pulmonar por meio da capacidade vital lenta (CVL), capacidade vital forçada (CVF) e ventilação voluntária máxima (VVM); avaliação da capacidade funcional, por meio da distância percorrida no Incremental Shuttle Walking Test (ISWT), e da aptidão cardiorrespiratória por meio do consumo máximo de oxigênio (VO2max), e da qualidade de vida através do questionário Kidney Desease Quality of Life Short – Form (KDQOL-SF). O TMI foi realizado por três meses, três dias na semana, durante a sessão de HD, sendo quatro séries com 15 inspirações, com o dispositivo Powerbreathe®. A carga de treinamento foi de 50% da PImáx, reajustada a cada 6 sessões. O GC foi acompanhado durante todas as sessões de HD, porém não realizou o TMI. Após o período de 3 meses ou 36 sessões de TMI, todos os participantes foram reavaliados. Para as comparações das variáveis foi realizada a análise de variância medidas repetidas (ANOVA). Foi considerado significativo o valor de p<0.05. Após o TMI foi observado uma interação significativa (grupo versus tempo) para as variáveis PImáx, PImáxS e CVL evidenciando maiores valores no TMI (PImáx: 90,9±23,0 versus 94,9±33,8 cmH2O, p= 0,005, PImáxS: 62,1±17,1 versus 63,8±16,3 cmH2O, p=0,03, CVL: 3,38±0,91 versus 3,72±0,94 L, p=0,02), além de um aumento significativo intra grupo, da CVL e %CVL para o TMI (CVL= 3,38±0,91 versus 3,72±0,94 L, p=0,03, %CVL= 99,9±55,3 versus 106,99±53,3, p=0,03). Em relação ao GC foi encontrada uma redução da PImáxS sendo: (PImáxS= 64,1±29,9 versus 47,5±17,9 cmH2O p=0,01). No que se refere à distância percorrida, VO2máx, e qualidade de vida não foram encontradas diferenças intra e entre grupos, p>0,05. Conclui-se que, o TMI supervisionado, realizado três vezes por semana, durante a sessão de HD, por três meses, promoveu aumento da força e da resistência muscular inspiratória e da capacidade vital, entretanto, não alterou a capacidade funcional, cardiorrespiratória e a qualidade de vida de indivíduos com IRC em hemodiálise.

Abstract

Defined by functional and structural abnormalities of the kidneys, chronic kidney disease (CKD) is characterized by an irreversible and progressive loss of kidney function over a period of more than three months, resulting from numerous diseases that can compromise the kidneys. It is classified into five stages, with Grade V being called chronic renal failure (CRF). In addition to renal impairment, hemodialysis (HD) treatment can lead the individual to develop uremic syndrome, which affects multiple systems, including the respiratory system and skeletal muscle. Inspiratory muscle training (IMT) has been used to treat patients in various situations seeking to improve inspiratory muscle function, functional capacity, dyspnea on exertion, exercise tolerance and quality of life, but it has not been widely studied in individuals with CRF. The objectives of this study were to evaluate the effects of IMT, on pulmonary and respiratory muscle function, functional and cardiorespiratory capacity, as well as on the quality of life of individuals with CRF underwent to HD. Twenty-one individuals with CRF who underwent HD were randomized into two groups: inspiratory muscle training group (IMT) (age [53.82 ± 8.98] years) and control group (CG) (age [54.67 ± 5), 77] years). The initial evaluation consisted, in addition to the anamnesis, of the respiratory muscle evaluation, by measures of maximum inspiratory pressure (MIP), maximum expiratory pressure (MEP) and Sustained Maximum Inspiratory pressure (SMIP); assessment of pulmonary function of slow vital capacity (SVC), forced vital capacity (FVC) and maximum voluntary ventilation (MVV); evaluation of functional capacity, through the distance walked in the Incremental Shuttle Walking Test (ISWT), evaluation of cardiorespiratory fitness through the maximum oxygen consumption (VO2max) indirectly calculated by ISWT and quality of life through the questionnaire Kidney Disease Quality of Life Short - Form ( KDQOL-SF). The IMT was performed for three months, three days a week, during the HD session, four series of 15 inspirations, with the Powerbreathe® device. The training load was 50% of MIP, readjusted every 6 sessions. The CG was followed during all HD sessions, but did not perform IMT. After the 3-month period or 36 sessions of IMT, all participants were reevaluated. For the comparisons of the variables, repeated measures analysis of variance (ANOVA) was performed. A value of p <0.05 was considered significant. After the IMT, a significant interaction (group versus time) was observed for the variables MIP, SMIP and SVC, showing higher values in the IMT (MIP: 90.9 ± 23.0 versus 94.9 ± 33.8 cmH2O, p = 0.005, SMIP: 62.1 ± 17.1 versus 63.8 ± 16.3 cmH2O, p = 0.03, SVC: 3.38 ± 0.91 versus 3.72 ± 0.94 L, p = 0.02) , in addition to a significant intragroup increase, from SVC, and %SVC to IMT (SVC = 3.38 ± 0.91 versus 3.72 ± 0.94 L, p = 0.03, %SVC= 99,9±55,3 versus 106,99±53,3, p=0,03). Regarding the CG, a reduction in SMIP was observed (SMIP = 64.1 ± 29.9 versus 47.5 ± 17.9, cmH2O p = 0.01). Regarding the distance walked, VO2máx, and quality of life, no differences were found within and between groups, p> 0.05. It was conclude that the supervised IMT, performed three times a week, during the HD session, for three months, promoted an increase in inspiratory muscle strength, muscular endurance and vital capacity, however it did not change the functional and cardiorespiratory capacity and quality of life in individuals with CRF on hemodialysis Keywords: chronic kidney disease, respiratory muscles, spirometry, cardiorespiratory fitness, quality of life.