Biblioteca Digital - UNIMEP

Visualização do documento

Título

Ensino superior: capacitação e ausência de intérpretes educacionais em ambientes acadêmicos

Orientador

Rita de Cassia Antonia Nespoli Ramos

Autor

Adilson Gustavo Andreato

Palavra chave

Ensino superior. Intérprete educacional. Surdos. Inclusão. Judiciário.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

19/02/2021

Nº Downloads

275

Resumo

Sabendo da importância do acesso e permanência dos alunos surdos no Ensino Superior, bem como o que representam os Intérpretes Educacionais (IE) para promoção da inclusão e acessibilidade, a partir dos pressupostos teóricos e do material escolhido para a discussão de dados, definimos como objetivo analisar enunciados presentes em sentenças judiciais, proferidos por alunos surdos, por representantes de Instituições do Ensino Superior (IES) e por juízes, com o intuito de compreender como esses agentes percebem a importância da presença dos intérpretes educacionais em sala de aula e da capacitação desses profissionais. Os pressupostos teóricos embasam-se em Vigotski (1997), Amaral (1998), Diniz (2007), Jannuzzi (2004), Góes e Laplane (2013), que defendem a deficiência numa perspectiva social, ao invés da visão de cunho biológico. No que tange à Educação, contamos com Lacerda (2006) e Lodi (2013), e em relação ao Ensino Superior com Daroque (2011), entre outros. Utilizaram-se para esses entendimentos a Análise de Conteúdos de Bardin (1977) em suas fases de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferências e interpretação. Após definição do corpus documental e leitura flutuante, bem como formulação das unidades temáticas, chegou-se a duas categorias de análise: a primeira se volta a compreender as referências feitas nos documentos pela ausência de profissionais de Libras e a segunda, volta-se à capacitação desses Intérpretes Educacionais. Como metodologia, propusemos a análise, a partir de três concepções sobre o intérprete, a dos autores que movem as ações - surdos, a dos réus - as IES e, por fim, a do juiz que analisa as peças judiciais. Como resultados, percebemos que as principais reinvindicações desses autores surdos nas ações judiciais se baseiam praticamente na ausência dos profissionais de Libras nos espaços acadêmicos e na (in)capacitação dos profissionais contratados pelas IES. Esses fatos impossibilitaram que os surdos permanecessem dentro dessas instituições, levando ao prejuízo em seus estudos seja pela ausência de intérpretes ou por questões de proficiência e fluência, desconhecimento da língua de sinais, questões de postura ética, entre outras. Na concepção das IES, por sua vez, existe uma despreocupação com a presença efetiva dos intérpretes para se efetivar o processo de inclusão e uma negação de que haja problemas, principalmente quanto à capacitação de seus profissionais. Por fim, para o Judiciário, é preciso que a lei sobre inclusão seja cumprida, e, na grande maioria das sentenças, os juízes exigem que os intérpretes sejam contratados, em conformidade com a necessidade desses alunos surdos, bem como exigem sua formação e capacitação para atuação. Concluímos que existem questões ainda mais amplas a serem dialogadas, pois os enunciados estudados em sentenças judiciais mostram que o livre mercado, a privatização e a concepção de educação influenciam diretamente o entendimento da Educação Inclusiva para surdos e o papel dos Intérpretes Educacionais no Ensino Superior, afetando diretamente a educação dos surdos, principalmente em questões de defasagem e desenvolvimento educacional

Abstract

Knowing the importance of the access and permanence of deaf students in Higher Education, as well as what the Educational Interpreters (EI) represent for the promotion of inclusion and accessibility, from the theoretical assumptions and the material chosen for the discussion of data, we defined the objective of analyzing statements present in court rulings, uttered by deaf students, by representatives of Higher Education Institutions (HEIs) and judges, in order to understand how these agents perceive the importance of the presence of educational interpreters in the classroom and the training of these professionals. The theoretical assumptions are based on Vygotsky (1997), Amaral (1998), Diniz (2007), Jannuzzi (2004), Góes and Laplane (2013), who defend disability from a social perspective, instead of the biological view. Regarding Education, we counted on Lacerda (2006) and Lodi (2013), and regarding Higher Education on Daroque (2011), among others. Bardin’s Content Analysis (1977) was used for the development of the study in its phases of pre-analysis, exploration of the material and treatment of the results, inferences, and interpretation. After defining the document corpus and floating reading, as well as the formulation of thematic units, we came up with two categories of analysis: the first one is focused on understanding the references made in the documents for the absence of Libras (Brazilian Sign Language) interpreters and the second one is focused on the training of these Educational Interpreters. As methodology, we proposed the analysis from three conceptions about the interpreter, that of the plaintiffs - the deaf, that of the defendants - the HEIs and, finally, that of the judge who analyzed the legal documents. As result, we noticed that the main claims of these deaf plaintiffs in the lawsuits are practically based on the absence of Libras professionals in academic spaces and the (in)training of professionals hired by the HEIs. These facts made it impossible for the deaf to remain within these institutions, leading to damage in their studies either by the absence of interpreters or for issues of proficiency and fluency, lack of knowledge of sign language, issues of ethical posture, among others. In the HEIs' conception, in turn, there is a lack of concern with the effective presence of interpreters to make the inclusion process effective and a denial that there are problems, especially regarding the training of their professionals. Finally, for the Judiciary, the law on inclusion must be complied with, and, in most sentences, the judges require that interpreters be hired, following the needs of these deaf students, as well as require their training and qualification to act. We conclude that there are even broader issues to be discussed because the statements studied in court sentences show that the free market, privatization, and the conception of education influence the understanding of Inclusive Education for the deaf and the role of Educational Interpreters in Higher Education, directly affecting the education of the deaf, especially in issues of educational lag and development.