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Título

Mulheres surdas egressas do ensino público: um olhar para inclusão escolar na educação básica.

Orientador

Pedro Bordini Faleiros

Autor

Gisele Cassano Ferreira Leonel

Palavra chave

Surdez. Inclusão escolar. Libras. Mulheres surdas.

Grupo CNPQ


Programa

DR - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

09/08/2023

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36

Resumo

A inclusão de surdos na escola envolve um conjunto de obstáculos e desafios históricos e sociais. No caso específico de mulheres surdas, os problemas enfrentados por essa população tornam-se ainda maiores. Poucos estudos têm investigado a inclusão escolar de mulheres surdas pelo ponto de vista delas próprias, considerando a compreensão de inclusão, os seus valores e ideologias. O objetivo do estudo foi analisar os discursos de quatro mulheres surdas, egressas do ensino público, buscando compreender os sentidos construídos por elas sobre a inclusão. O estudo teve como participantes quatro mulheres surdas, (com surdez profunda / severa, neurossensorial bilateral, fluentes em língua brasileira de sinais), com idade de 20 a 30 anos, egressas da educação básica do ensino público em um município do Estado de São Paulo. Essas participantes foram entrevistadas em duas etapas em Libras via WhatsApp. A primeira etapa envolveu uma entrevista com 12 questões e a segunda, um vídeo gravado, de modo a completar as informações da primeira etapa, e assim as participantes discorressem sobre suas vivências de inclusão no período em que eram estudantes. Como resultado, os relatos das participantes indicaram que a presença de intérpretes durante os períodos escolares foi para elas a única referência sobre inclusão mencionada. Ainda de acordo com os relatos, as professoras não tinham conhecimento e não utilizavam a Libras para comunicação efetiva com os alunos surdos, assim como não planejavam aulas e conteúdos pedagógicos adaptados. Essa postura, assumida em relação aos alunos surdos, sugere a ideia da inclusão não efetiva, como comportamento natural que dispensa qualquer intencionalidade pedagógica – ideia que pouco favorece os ganhos que a atividade pode trazer para o refinamento da aprendizagem. No que concerne à sociabilidade, a convivência com a turma parece ter contribuído favoravelmente para a formação das participantes. A análise da inclusão da mulher surda na educação nos possibilita compreender os avanços acerca dos processos de marginalização em sujeitos com dupla discriminação. As análises dos enunciados proferidos pelas participantes surda são feitas com base nas contribuições da perspectiva discursivoenunciativa do círculo de Bakhtin, considerando os valores e ideologias dos enunciados das participantes da pesquisa.

Abstract

The inclusion of deaf people in schools involves a set of historical and social obstacles and challenges. In the specific case of deaf women, the problems faced by this population become even greater. Few studies have investigated the school inclusion of deaf women from their own point of view, considering their understanding of inclusion, their values and ideologies. The objective of the study was to analyze the speeches of four deaf women, graduates of public education, seeking to understand the meanings they constructed about inclusion. The study had as participants four deaf women, (with profound/severe deafness, bilateral sensorineural, fluent in Brazilian sign language), aged 20 to 30 years, graduating from basic public education in a municipality in the State of São Paulo. These participants were interviewed in two stages in Libras via WhatsApp. The first stage involved an interview with 12 questions and the second, a recorded video, in order to complete the information from the first stage, and thus the participants disagreed about their experiences of inclusion when they were students. As a result, the participants' reports indicated that the presence of interpreters during school periods was for them the only reference to inclusion mentioned. According to the reports, the teachers did not have knowledge and did not use Libras for effective communication with deaf students, nor did they plan adapted classes and pedagogical content. This stance, taken in relation to deaf students, suggests the idea that inclusion is not effective, as a natural behavior that does not require any pedagogical intentionality – an idea that does little to favor the gains that an activity can bring to the refinement of learning. With regard to sociability, coexistence with the group seems to have contributed favorably to the training of the participants. Analyzing the inclusion of deaf women in education allows us to understand advances in marginalization processes in matters involving double discrimination. The analyzes of the statements made by deaf participants are based on contributions from the discursive-enunciative perspective of Bakhtin's circle, considering the values and ideologies of the research participants' statements.