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Título

DEFICIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E O DEBATE SOBRE AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Orientador

MARIA CECÍLIA RAFAEL DE GÓES

Autor

SIMONE MOREIRA DE MOURA

Palavra chave

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA; BIOTECNOLOGIA E EUGENIA; EDUCAÇÃO ESPECIAL

Grupo CNPQ


Programa

DR - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

27/02/2007

Nº Downloads

1866

Resumo

Neste estudo busco sugerir entrelaçamentos de dois campos de discussão – o da Educação Especial e o da Biotecnologia. Mesmo considerando que não se trata de dois blocos homogêneos de concepções e práticas, pois existem internamente inescapáveis divergências e contradições, é possível constatar que cada um desses campos contém discursos predominantes que são distintos, por vezes opostos, quanto ao presente e ao futuro das deficiências. Para a elaboração deste trabalho apoiei-me, em grande parte, em proposições do paradigma semiótico, como caracterizado por Carlo Ginzburg, uma metodologia que valoriza esforços de investigação sustentados por um pensamento conjetural, pela exploração de variados tipos de textos e diferentes fontes, além de acolher o ensaio como gênero de composição do trabalho. Nessa linha, tomo por base especialmente publicações acadêmicas, mas me reporto também a materiais como programas de televisão, filmes, jornais e revistas não especializadas. A partir de meu lugar de pesquisadora profissional da Educação Especial, abordo debates sobre impactos e dilemas relacionados a inovações tecnológicas, em particular as da engenharia genética, relacionadas às deficiências e a idéias eugenistas. Ao longo do trabalho, problematizo a busca de melhorias da vida do homem pautada por um discurso científico que cada vez mais tende a almejar a ordenação das diferenças em nosso mundo, fixando-as no âmbito da norma e das diagnoses, com a promessa ou a efetiva oferta de intervenções que viabilizariam a cura ou a reparação de imperfeições humanas, sobretudo nas deficiências, cuja existência poderia ser previamente eliminada. As produções dos dois campos focalizados parecem seguir caminhos que pouco se tangenciam, num paralelismo que deixa uma “zona de silêncio” na Educação Especial e, por extensão, na “Educação Geral”. Meu objetivo é aumentar a visibilidade desse problema e argumentar pela necessidade urgente de que os educadores (refiro-me a profissionais de várias áreas) envolvam-se de maneira mais direta e explícita em reflexões de caráter político e ético sobre conquistas e projeções do conhecimento tecnocientífico que visam ao aprimoramento genético da espécie.

Abstract

In this study I attempt to intertwine issues related to the fields of Special Education and Biotechnology. Even considering that each of these fields is not a homogenous block of conceptions and practices, due to expected internal divergences and contradictions, they do sustain predominant discourses that are distinctive, sometimes opposite, regarding the present and the future of deficiencies. The intended discussion was based mostly on propositions of the semiotic paradigm, as characterized by Carlo Ginzburg, a methodology that values the investigative effort oriented by a conjectural thinking and is open to the use of essay as the genre for argumentation, as well as to the exploration of various types of texts and different sources. In his line, the essays here presented report mainly to academic publications, but refer also to television programs, films, newspapers and magazines. Aware of my position as a researcher-professional of Special Education, and not in Biotechnology, I bring some debates about impacts and dilemmas brought by technological innovations, particularly those of genetic engineering, related to deficiencies and eugenic ideas. In the text I point to problems of the search for a higher quality of man’s life, founded on a scientific discourse that increasingly seems to aim at the ordination of differences in our world, by locating them in the realm of norms and diagnoses, along with a promise or an effective offer of interventions that would make viable the cure or the repair of human imperfections, mainly in the case of persons with a deficiency, whose existence would be previously eliminated. The theoretical and research productions of the two focused fields seem to follow paths that are seldom tangent, in a parallelism that leaves a “zone of silence” in Special Education and in General Education. The purpose of the present work was to enhance the visibility of this problem and to argue for the urgent need of educators (I refer to professionals of various areas) to involve themselves more directly and explicitly in the issues of political and ethical order concerning achievements and projections of techno-scientific knowledge that aims at the genetic improvement of our species.