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Título

A construção de brinquedos na educação infantil: uma experiência com a teoria bioecológica do desenvolvimento humano

Orientador

Rute Estanislava Tolocka

Autor

Tatiane Gibertoni Sai

Palavra chave

Criança. Educação infantil. Brinquedo. Teoria bioecológica.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO FÍSICA

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

29/02/2008

Nº Downloads

4280

Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar as relações interpessoais estabelecidas pelas crianças durante as interações com o brinquedo construído por elas mesmas, em dois contextos, durante a construção e o desenvolvimento de atividades com o brinquedo na sala de aula e na própria casa da criança. No capítulo um foi realizado uma extensa pesquisa bibliográfica sobre os brinquedos, suas considerações históricas e implicações sobre o desenvolvimento infantil. A Teoria Biecológica, base deste estudo, foi abordada no segundo capítulo. Os procedimentos metodológicos, descritos no capítulo três, demonstram os caminhos percorridos pelo estudo, no qual foram analisadas trinta e seis crianças, de ambos os sexos, com idade entre 5 e 6 anos, da instituição PRODECAD/UNICAMP (Programa de Desenvolvimento e Integração da Criança e do Adolescente). Foram desenvolvidas doze aulas de construção de brinquedos, em cada aula as crianças construíram um brinquedo diferente utilizando materiais alternativos e sucatas. Após a construção desenvolveram atividades motoras de exploração livre e dirigida e brincadeiras com estes e, ao final, os levaram para a sua residência. As aulas foram registradas por dois observadores não-participantes, a professora e a auxiliar da sala, no diário de campo, que foi estruturado conforme os pressupostos da Teoria Bioecológica de Urie Bronfenbrenner (1996, 2005). Ao levar o brinquedo para a casa, a criança recebia um questionário para os pais responderem; este buscava informações sobre o que a criança desenvolveu com o brinquedo em sua residência. Para uma análise mais completa foram filmadas duas aulas, a sexta e a décima segunda. A análise e discussão dos dados foram realizadas com base na Teoria Bioecológica investigando os fatores que contribuíram ou limitaram o estabelecimento das interações sociais. Estes resultados apontaram que os atributos das crianças, tais como as disposições pessoais, os recursos e as demandas exerceram influência sobre as relações interpessoais, de modo que disposições positivas fomentaram estas interações. A atividade de construção e interação com os brinquedos foi considerada como molar, em ambos os microssistemas, devido aos fatores como empenho das crianças e o significado adquirido. As ligações entre os microssistemas, advinda das interferências e da comunicação interambiente, culminaram na formação efetiva do mesossistema, aumentando o impacto desenvolvimental deste. Por outro lado, propriedades das crianças como recusar-se a construir, retirar-se de brincadeiras, desentender-se com terceiros, entre outras, limitaram e, em alguns momentos, romperam as interações sociais. A falta de incentivo da família também constituiu um fator limitante. Porém, as atitudes positivas prevaleceram, bem como o estabelecimento das relações interpessoais. A identificação destes fatores positivos e negativos foi amplamente facilitada pelas diretrizes da Teoria Bioecológica, como também as influências exercidas pelo macrossistema sobre o meso e de um micro sobre o outro. Concluímos que as interações sociais que foram estabelecidas pelas crianças em função dos brinquedos, nos fazem compreender as forças exercidas pelos atributos destas e pelo potencial dos ambientes, variáveis que, segundo a natureza da teoria biecológica, jamais poderiam ser entendidas separadamente.

Abstract

This study aimed to investigate the interpersonal relationships established by the children during the interactions with the toy built by themselves, in two contexts, during construction and development of activities with the toy in the classroom and in the child's own home. On chapter one, an extended literature research was made about the toys, their historic onsiderations and involvement about infantile development. The bioecological theory, in which this study was based, was addressed on the second chapter. The methodological procedures, described on chapter there, show the ways crossed by this study, in which thirty-six children were analised, of both sexes, aged between 5 and 6 years, from the institution PRODECAD / UNICAMP (Programme for Development and Integration of Children and Youth). Twelve lessons have been developed for the construction of toys, children in each class built a toy differently using alternate materials and scrap. After construction motor activities of free and directed explorations were developed and, in the end, they took the toys home led to his residence. Classes were recorded by two non-participant observers, the teacher and assistant in the daily field, which was structured according to the assumptions of the bioecological theory by Urie Bronfenbrenner (1996, 2005).When they took the toy home, the children received a questionnaire for parents to answer; that looked for informations about what the child has developed with the toy in his house. For a more complete analysis two lessons were filmed, the sixth and twelfth. Ones The analysis and discussion of the data were based on of the biological theory investigating the factors that contributed or limited the establishment of social interactions. These results indicated that the attributes of children, such as the personal disposition, resources and the demands, exerted influence on interpersonal relations, so that encouraged these positive dispositions interactions. The activity of construction and interaction with toys was considered as molar, in both microsystems, due to factors such as commitment of the children and acquired meaning. The links between the microsystems, arising from interference and communication among environments, culminated in the formation of effective mesosystem, increasing the developmental impact of this one. Otherwise,in the other hand children’s characteristics as refusing to build, getting out from games, discusing with others, and more, limited, and in some moments, disrupted the social interactions. The lack of encouragement from the family was also a limiting factor. However, positive attitudes prevailed, as well as the establishment of interpersonal relations. The identification of these positive and negative factors has been largely facilitated by the Bioecological theory guidelines, as well as the influences exerted by macrosystem on mesoscale and a micro on the other micro. We conclude that the social interactions that have been set by children on the basis of toys, make us understand the forces exerted by these attributes and the potential of environments, variables that, according to the nature of the bioecological theory, could never be understood separately.