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Título
AS MARCAS DA INDISCIPLINA NA ESCOLA: CAMINHOS E DESCAMINHOS DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Orientador
MARIA CECÍLIA CARARETO FERREIRA
Autor
SANDRA MARA FULCO PIROLA
Palavra chave
INDISCIPLINA. RELAÇÕES PEDAGÓGICAS. INTERAÇÕES SOCIAIS.
Grupo CNPQ
Programa
DR - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
01/01/2009
Nº Downloads
62047
Resumo
O presente estudo procura analisar o fenômeno da indisciplina dos alunos voltando o olhar para as relações sociais institucionais enquanto constituídas e constituintes desse comportamento. O estudo é embasado na concepção histórico-cultural que considera o homem como produto das relações sociais vividas em seu meio sociocultural, em um processo que passa do plano inter para o intrassubjetivo. Nesse sentido, ao contrário de se compreender a indisciplina como um fenômeno inerente às condições próprias do aluno, tanto pessoais como familiares, ela é analisada do ponto de vista das relações humanas no âmbito das práticas pedagógicas. O estudo justifica-se no fato de que os professores precisam conceber a indisciplina como algo constituído nas relações sociais institucionais, com implicações para as práticas pedagógicas e para o desenvolvimento das crianças. Assim, o objeto do trabalho definiu-se na análise do papel das relações pedagógicas na constituição de atitudes de indisciplina. A pesquisa foi realizada nas séries iniciais de uma escola pública de tempo integral do Ensino Fundamental e teve como foco o processo interativo ali desenvolvido. Durante um ano, a pesquisadora colaborou com o funcionamento cotidiano da instituição e tomou para a construção dos dados de análise os registros obtidos nos encontros periódicos com os docentes e as observações feitas em sala de aula e outros espaços institucionais. O estudo pode ser inserido no âmbito das pesquisas colaborativas de abordagem qualitativa. Os resultados apontam para as implicações das diferentes relações escolares como determinantes para os comportamentos das crianças. Verificou-se que a maioria dos professores atribui o comportamento indisciplinado das crianças a um desenvolvimento inapropriado delas ou a condutas inadequadas das famílias e considera a disciplina como pré-requisito da aprendizagem. Fica evidenciado que, nos contextos escolares, o problema criado pela concepção prevalente da indisciplina como traço do aluno e da disciplina como pré-requisito da aprendizagem necessita ser concebido como objetivo educacional e aspecto constitutivo e constituído das e nas práticas pedagógicas. Por fim, o estudo fornece elementos que mostram o quanto os professores trazem de conhecimentos e valores implícitos, muitos dos quais, muitas vezes pelo fato de não serem discutidos e compartilhados coletivamente, pouco contribuem para que se desenvolvam pressupostos mais claros e conscientes em relação ao papel da escola, do ensino e aprendizagem e da disciplina e indisciplina.
Abstract
The present study aims to analyze the phenomenon of indiscipline of students focusing on the institutional social relations as constituted and constituents of that behavior. The study is based on the historical-cultural conception which considers man as a product of social relations experienced in his social cultural environment, in a process that goes from inter to intra subjective plan. Accordingly, instead of understanding the indiscipline as an inherent phenomenon of the student or from personal and familiar causes, it is analyzed from the point of view of human relations in the ambit of pedagogical practices. The study justifies itself on the necessity that the teachers need to conceive indiscipline as something constituted in the institutional social relations, with implications to the pedagogical practices and to the development of children. In this sense, the object of the study defined itself in the sense of analyzing the role of pedagogical relations in the constitution of attitudes of indiscipline. The research was performed in the initial grades of a full time public elementary school and focused on the interactive process that was developed there. For one year the researcher helped with the daily tasks of the institution and used for the construction of the data analysis the records obtained in regular meetings with teachers and the observations made in classroom and other institutional spaces. The study may be inserted in the ambit of collaborative and qualitative approach. The results point to the implications of different school relations as determinant for the behavior of children. It has been verified that the majority of teachers attributes the children’s undisciplined behavior to their inappropriate development or to family inadequate conducts and considers the discipline as a pre-requisite of learning. It has been noted that, in the school contexts, the problem created by the prevalent conception of indiscipline as the student feature and of discipline as pre-requisite of learning, needs to be conceived as educational objective and constitutive and constituent aspects of and in the pedagogical practices. Lastly, the study provides elements that show how teachers bring to school knowledge and implicit values but because many times those and that are not often discussed and shared collectively, they contribute very little to the development of clearer and more aware assertions in relation to the school, teaching, learning, discipline and indiscipline roles.