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Título

SIGNIFICAÇÕES E SENTIDOS PRODUZIDOS SOBRE O LUGAR DA DIREÇÃO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE NA ESCOLA

Orientador

MARIA NAZARÉ DA CRUZ

Autor

MOEMA CRISÓSTOMO GUIMARÃES VARGAS

Palavra chave

SIGNIFICAÇÕES E SENTIDOS, PROCESSO DE FORMAÇÃO

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

20/02/2006

Nº Downloads

1239

Resumo

O presente trabalho inclui o relato de uma experiência escolar de formação de professores vivida em minha prática de diretora de escola. Partindo da análise da literatura e seguindo até às vivências de formação dentro do meu contexto prático, costuro as principais concepções que se tem a respeito da formação em serviço com o modo como ela se dá em determinado contexto escolar, a partir de uma leitura histórico-cultural, baseada em Vygotsky e Bakhtin, de tais processos. O palco da pesquisa é uma escola particular, confessional batista, que atende alunos da Educação Infantil ao último ano do Ensino Médio. Em seu calendário anual, a escola mantém uma reunião, a cada dois meses, com os seus professores, equipe de coordenação e diretora, de quatro horas de duração cada. São quarenta professores envolvidos, nove membros da equipe e a diretora. O material de análise desta pesquisa são as reuniões pedagógicas desenvolvidas na escola, na quantidade prevista em calendário escolar. Ao mesmo tempo em que estudo o programa em curso, introduzo algumas alterações em cada uma das reuniões, procurando criar processos que ponham à mostra as concepções sobre esse espaço de formação na escola, bem como as possibilidades dele para a contínua formação dos envolvidos. O objetivo é entender como se dá as interlocuções entre professor/professor, professor/coordenador e professor/diretora, em que condições elas são produzidas e como a situação social determina as mais diversas expressões manifestas. Estudo, assim, os sentidos produzidos a partir das mudanças efetuadas nas reuniões: discussões em pequenos grupos, professores ensinando professores, a diretora e equipe deixando a liderança dos trabalhos para os professores, os professores opinando sobre o conteúdo e a dinâmica das reuniões e a diretora mexendo na história individual dos participantes. As análises permitem observar transformações nas concepções de formação, em jogo no processo estudado. Se inicialmente predominam concepções segundo as quais os formadores são sempre os que ensinam ao professor o que e como fazer, buscando um consenso ideológico a respeito de questões pedagógicas, as mudanças introduzidas nas reuniões possibilitam a percepção de que tanto diretora e equipe, quanto professores estão em constante formação pessoal e profissional e que esta formação é construída no coletivo das indagações e das problematizações do grupo. As análises possibilitam, ainda, compreender que, nas transformações das concepções de formação, estão implicadas alterações nas relações de poder. Inicialmente, quem assume a palavra orienta, direciona, como se tivesse o poder de modificar o estado das coisas.Mas, aos poucos, conforme as reuniões vão sendo modificadas pela diretora, todos, individualmente ou em grupo, passam a tentar colocar-se como determinantes do processo. Há ansiedade pela avaliação do outro, bem como réplicas em forma de desentendimentos, negação, aceitação, mágoa, aplauso ou indiferença. As reuniões tornam-se mais participativas quando a direção das mesmas é compartilhada. A mudança de lugar social, gerada por este compartilhar, facilita a compreensão do outro e aumenta a liberdade criativa dos professores, à medida que fica de lado a figura fiscalizadora da direção e da equipe. No entanto, tais mudanças permitem considerar também a posição de fragilidade da equipe pedagógica que, ao ser deslocada de seu lugar habitual na formação docente, fica confusa em sua função pedagógica.

Abstract

This study presents a report of a teacher’s development school experience lived during my practice as a school principal. Starting from the literature analysis and following until the formation experiences inside my practical context, I put togetheer the main existing concepts concerning the formation in service with the way it happens in a specific school context, from a cultural-historical reading, based in Vygotsky and Bakthin, of such procedures. The stage of the research is a private Baptist school with students of nursery school to the last year of High School.. The school year calendar keeps a 4 hour meeting, every two months, with its teachers, coordination team and principal. This meeting involves forty teachers, nine members of the coordination team and the principal. The analysis data of this research are the pedagogical meetings developed in the school, in the amount scheduled at the year calendar. At the same time that I study the actual program I also introduce some alterations in each meeting, trying to create procedures that show the concepts about this formation space in school, as well as its possibilities to the continous formation of the people involved. The purpose of this study is to understand how the interlocutions happen between teacher/teacher, teacher/coordinator and teacher/principal, in which conditions they are produced and how the social situation determines the various expressions revealed. Thus, I study all the senses produced from the changes done in the meetings: discussions in small groups, teachers teaching teachers, the principal and the coordination team leaving the leading of the works to the teachers, the teachers giving their opinions on the content and dynamic of the meetings and the principal interfering in the individual history of the participants. The analyses allow us to observe the changes in the formation concepts, which are relevant to the process being studied. If initially predominate the concepts in which the formers are always the ones who teach the teachers what to do and how to do, searching an ideological consensus regarding the pedagogical matters, the changes introduced in the meetings make possible the perception that not only the principal and the coordinating team, but also the teachers are in a continous professional and personal formation, and that this formation is built during the group’s collective brain storming and questioning. The analyses also make possible for us to understand that in the changess of the formation concepts are implied the power relations. Initially, who assumes the word directs and guides, as if it had the power of changing the state of things. But, slowly, as the meetings are modified by the principal, everybody, individually or in-group, start to put themselves as determiners of the process. There is anxiety for the assessment of the other, as well as answers in manner of disagreement, refusal, acceptance, hurt, applause and indifference. The meetings become moore participative when the leading of them is shared. The change of the social place, created by this sharing, facilitates the understanding of the other and enhances the teacher’s creativity freedom, as the image of leader and direction giver of the principal and of the coordinator team disappears. However, such changes allow us to consider the fragile position of the pedagogical team, that being moved from its habitual place in the teacher’s formation, gets confused in its pedagogical function.