Biblioteca Digital - UNIMEP

Visualização do documento

Título

ACOMPANHAMENTO DA EXPERIÊNCIA ESCOLAR DE ADOLESCENTES AUTISTAS NO ENSINO REGULAR

Orientador

MARIA CECÍLIA RAFAEL DE GÓES

Autor

TALITA SOUZA UMBELINO RODRIGUES DA CRUZ

Palavra chave

AUTISMO. INCLUSÃO ESCOLAR. ENSINO-APRENDIZAGEM.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

18/02/2009

Nº Downloads

2249

Resumo

As questões relativas à educação de autistas ainda são pouco compreendidas pela escola e por outras esferas institucionais. Isso se deve à falta de conhecimento a respeito dos comportamentos e processos peculiares desses sujeitos - vistos quase sempre como deficientes mentais - e ao estigma que afeta os "anormais" em geral. Neste trabalho, é analisada a experiência escolar de dois adolescentes autistas que participam de um programa de inclusão numa escola regular da rede pública. No período de acompanhamento, eles estavam em classes do 7º ano do Ensino Fundamental, frequentavam diariamente a escola, e tinham um atendimento semanal numa instituição especial. Ambas as escolas são da rede pública municipal. Com o intuito de caracterizar a qualidade das ações educativas ocorrentes nessa experiência, realizamos um estudo que abrangeu entrevistas semiestruturadas com educadores que atuavam com os sujeitos, bem como observações de atividades de aula focadas nas relações que eles estabeleciam com seus professores e colegas. Constatamos que essas relações eram problemáticas para os dois adolescentes e que as tarefas solicitadas a eles, na maioria das vezes, estavam restritas a meras cópias, atividades repetitivas e, por vezes, de caráter infantilizador. Quanto às entrevistas, os depoimentos dos professores indicam que, considerada a realidade atual, a concretização de uma escola inclusiva é difícil para as diferentes deficiências e inviável para o quadro de autismo. Eles reconhecem seu próprio despreparo e dizem que, para efetivar o ensino, faz-se urgente, no mínimo, a presença constante de profissional especializado na escola. As duas fontes de dados evidenciam que a experiência não tem propiciado aos alunos autistas a apropriação de conteúdos escolares, e que a presença deles tem provocado certa desorganização na comunidade escolar, afetando professores, demais alunos e outros profissionais. Da perspectiva teórica histórico-cultural, entendemos que os sujeitos têm grande potencial para aprender, mas sob as condições de formação ora oferecidas há desperdício de possibilidades e, na verdade, prejuízos a seu desenvolvimento. Os achados confirmam que a mudança de mentalidade implicada no movimento inclusivo não chegou ainda a configurar uma real aceitação do diferente, sobretudo em casos como o autismo. Há necessidade de repensar o modelo atual de inclusão escolar, que, ao ser operacionalizado, mostra seus efeitos excludentes e inconsistentes com um efetivo acolhimento dos "incluídos".

Abstract

The issues related to the education of autistic individuals have not yet been understood by the school and other institutional spheres. This is due to the lack of knowledge concerning the behaviors and processes peculiar to these subjects (almost always seen as mentally deficient) and to the stigma carried by "abnormal" members of society in general. In this work we analyze the school experience of two autistic adolescents who participate in a mainstreaming educational program. During the period focused here they were enrolled in classes of 7th grade and had a weekly attendance in a special institution. With the purpose of analyzing the quality of the educational actions occurring in this experience, we developed a study that encompassed semi-structured interviews with educators who worked with the subjects, as well as observations of classroom activities, focused on the interactions they established with teachers and peers. We found that the interpersonal relationships were very problematic for the two students, and the tasks requested to them were, most times, restricted to mere copies, repetitive activities and, sometimes, of a childish kind. As to the interviews, the statements of their teachers indicate that, considering present reality, the concretization of mainstreaming is a difficult task in face of different deficiencies, and in the case autism it is unviable. They emphasize their own lack of preparation and say that an urgent provision is the constant presence of a specialized professional in the school, in order to meet minimal teaching standards. The two sources of data evidence the fact that this experience has not promoted the appropriation of school contents by the autistic students, and that their presence has caused a certain disorganization of the entire school, affecting teachers, other professionals and students. Taking a historical-cultural perspective, we believe that the subjects have a great potential to learn, but under the conditions offered so far there has been a waste of possibilities and, in fact, a harming effect to their development. The findings confirm that the change of mentality implied in the mainstreaming movement has not yet configured a real acceptance of the different, mainly in cases as autism. There is a need to rethink the present model of education for individuals with special needs, since the present model, when implemented, shows its effects of exclusion and its inconsistency with a real acceptance of the "mainstreamed".