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Título
IMAGINAÇÃO E FORMAÇÃO DE CONCEITOS ESCOLARES: EXAMINANDO PROCESSOS DIALÓGICOS NA SALA...
Orientador
MARIA CECÍLIA RAFAEL DE GÓES
Autor
GLAUCIA ULIANA PINTO
Palavra chave
IMAGINAÇÃO, FORMAÇÃO DE CONCEITOS, DINÂMICA DISCURSIVA
Grupo CNPQ
Programa
DR - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
01/01/2010
Nº Downloads
948
Resumo
O presente trabalho busca explorar o indispensável papel da imaginação na formação de conceitos escolares pela criança. Considerando a proposição de L.S. Vigotski sobre o principio da interfuncionalidade, pelo qual as funções psíquicas afetam-se umas às outras numa relação de interdependência, entende-se que as relações estabelecidas entre os processos de imaginação, cognição e linguagem são fundamentais para a emergência e refinamento da elaboração conceitual. Pela importância que este estudo atribui à interação verbal, por ser a instância necessária ao acontecimento dos processos de interesse, o referencial teórico abrange também as ideias de M. Bakhtin, em sua teorização sobre dialogia e enunciação. A pesquisa de campo consistiu da observação de aulas em duas classes do quarto ano do ensino fundamental, pertencentes a diferentes escolas. Por meio da abordagem microgenética as análises dos registros buscaram examinar o curso dos diálogos e ações entre crianças bem como entre professora e crianças, com o intuito de captar indicadores do funcionamento imaginativo durante a elaboração conceitual. Os dados foram discutidos segundo três categorias de análise: a) imaginação e realidade na sala de aula; b) elaboração conceitual e produção criativa de sentidos; c) sistematização e organização de sentidos. Os achados mostram que as relações entre imaginação e realidade propiciam a compreensão de conhecimentos mais elaborados, quando as crianças realizam ações criativas a partir de suas vivências e passam a se reportar a aspectos da realidade sobre bases mais abstratas. Além disso, a ação imaginativa se faz presente na dinâmica discursiva, favorecendo movimentos de ampliação e circunscrição de sentidos e participando decisivamente do processo de significação como prática coletiva e criativa. No que concerne à atuação pedagógica, as análises sugerem haver pouca clareza quanto ao papel da imaginação na formação de conceitos, o que é evidenciado por formas de ensinar que tendem a restringir excessivamente os sentidos àquele pretendido ou a desencorajar a expressão e expansão dos temas sob elaboração, sobretudo diante de interpretações divergentes do hegemônico.
Abstract
The present work seeks to explore the indispensable role of imagination in the learning of school concepts by the child. Considering the proposition of L.S. Vigotski about the concept of inter-functionality, by which psychic functions affect each other in an interdependent way, it becomes clear that the relationships established between imagination, cognition and language are fundamental for the emergence and refinement of concept elaboration. Given the importance that this study attributes to verbal interaction, as a necessary instance of occurrence of the processes of interest, the theoretical reference also encompasses M. Bakhtin's ideas, in his theorization about dialogy and enunciation. The field work involved the observation of two 4th grade classes, from different elementary schools. The analyses, carried out through a microgenetic approach, sought to examine the course of dialogues and actions among children as well as between teacher and children, in order to capture indicators of imaginative functioning during concept elaboration. The data were discussed according tothree analytic categories related to signification processes: a) imagination and reality in the classroom; b) concept elaboration and creative production of senses; c) systemization and organization of senses. The findings show that the relationships between imagination and reality propitiate the understanding of more elaborated knowledge, when the children display creative actions grounded on their living experience and begin to address aspects of the reality on a more abstract basis. Besides, imaginative action is present in the discursive dynamics, encouraging the broadening and the circumscription of senses, and participating decisively in signification process as a collective and creative practice. Concerning pedagogic performance, the analyses suggest that there is insufficient recognition of the role of imagination in concept formation, what is evidenced by forms of teaching that tend either to restrict senses to one intended meaning, or to discourage the expression and expansion of the themes under elaboration, mainly when the ideas are divergent from hegemonic interpretations.