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Título

NOVAS TECNOLOGIAS EM TEMPOS DE CAPITALISMO GLOBAL: DA ATUALIDADE DA CRÍTICA DE T. W. ADORNO À TÉCNICA

Orientador

BRUNO PUCCI

Autor

NAÊ PRADA RODRIGUES DESUÓ

Palavra chave

NOVAS TECNOLOGIAS, CAPITALISMO GLOBAL, ATUALIDADE DA CRÍTICA

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

22/02/2006

Nº Downloads

1719

Resumo

Este trabalho direciona-se para a compreensão do que Theodor W. Adorno, pensador alemão da Teoria Crítica da Sociedade, da Escola de Frankfurt, entende por técnica, do seu posicionamento frente à mesma, bem como para a investigação sobre em que medida sua crítica à técnica permanece atual, tendo em vista as manifestações da tecnologia nos dias de hoje. De fato, a hipótese levantada é a de que as considerações de Adorno a respeito da técnica ainda se mostram atuais para o empreendimento de uma crítica à tecnologia, que se faz tão presente em nosso cotidiano. No entanto, esta pesquisa intenta investigar até que ponto o diagnóstico adorniano em relação à técnica se mostra pertinente no questionamento das novas tecnologias: será que estas diferem, em sua essência, da tecnologia da época do autor, ou elas possuem o mesmo cerne desta, mas surgem sob uma nova roupagem que nos dá a impressão de serem distintas? Já no final dos anos 40, Adorno denunciou as bases nefastas do instrumental tecnocientífico de sua época. Com efeito, ele via a técnica como a essência do saber científico moderno que visa o método, o uso do trabalho alheio e o capital. Sendo assim, a tecnologia, que à época do autor existia ainda predominantemente enquanto tecnologia mecânica, já traria, em seu bojo, o gérmen da dominação e da violência: o controle devastador da physis pelo homem e o conseqüente domínio da própria natureza interna humana, uma vez que o homem também é natureza. Para Adorno, a técnica sempre esteve atrelada à ciência moderna, ao capital e à produção da subjetividade. Isso porque ela se origina do ventre capitalista que visa à economia dos tempos de produção e ao controle de processos, no sentido de reforçar e de concentrar o capital. Entretanto, enquanto base do desenvolvimento industrial, ela não se restringiu a esse setor e se direcionou às demais esferas sociais, chegando, por exemplo, até a escola, na forma de tecnologia educacional. Na realidade, nos dias atuais, a tecnologia assumiu formas outras que não só a mecânica. Exemplos disso são a nanotecnologia, a biotecnologia e a tecnologia digital, que acarretam transformações nos modos de conceber o trabalho, o saber e a vida. Nesse sentido, atualmente, a tecnociência (auxiliar direta na produção do capital, agora global), articulada a esse mesmo capital, vem desqualificando e ultrapassando não só os modos de produzir, de viver e de pensar do homem contemporâneo, como o próprio ser humano. A introdução da microeletrônica e dos computadores, com seus potenciais de automatização antes inimagináveis, em todos os setores da produção social, intensificou, absurdamente, o processo produtivo, com reflexos extremamente nocivos aos trabalhadores, além de ter potencializado infinitamente o processo de racionalização da produção e da vida. Nesse contexto, o homem não passou a sofrer somente problemas psíquicos e físicos, mas se viu, sobretudo, atingido porque perdeu, cada vez mais, seu espaço e sua importância no processo produtivo. Além disso, o caráter excludente das novas forças produtivas não se restringe somente a pessoas, e sim a regiões e até a países inteiros. O instinto predatório da razão tecnificada capitalista tem se mostrado cada vez mais aguçado: quem não possuir mais valor de venda nem poder de compra não é mais um ser humano, mas apenas uma porção de biomassa. Outrossim, para a biotecnologia, o ser humano constitui, antes de tudo, um pacote de informações genéticas. Como a lógica econômica perpassa todas as esferas da vida, não existem mais possibilidades culturais ou emocionais alheias ao poderio do capital. Em decorrência disso, o processo de (des) subjetivação humana sucumbe a tal lógica de modo até há pouco inconcebível. Por isso, em tempos de novas tecnologias e de capitalismo global, vêem-se novos tipos de socialização: o celibatário moderno assexuado, que, embora se municie de alta tecnologia, se encontra regredido ao estágio do ego infantil.

Abstract