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Título

ALUNOS SURDOS NO ENSINO SUPERIOR: uma discussão necessária

Orientador

ANNA MARIA LUNARDI PADILHA

Autor

SAMANTHA CAMARGO DAROQUE

Palavra chave

Educação de surdos; Surdos universitários; Ensino superior e inclusão

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

01/01/2011

Nº Downloads

5234

Resumo

O interesse deste trabalho é discutir as condições que são oferecidas para alunos surdos que freqüentam o ensino superior e contribuir para que sua experiência acadêmica tenha maior qualidade na realidade atual, visto que as mudanças propostas pela política oficial para a educação de surdos em todos os níveis não estão ainda efetivamente implantadas nem as instituições educacionais preparadas para responder às necessidades desses alunos. Essa preocupação conduziu à realização da presente pesquisa, que teve o objetivo de analisar, por meio de entrevistas individuais, os dizeres de alunos surdos e seus professores universitários a respeito dos obstáculos e das possibilidades que o surdo encontra no seu cotidiano de estudo. Os sujeitos foram quatro alunos e seis professores de duas universidades. Com os alunos foram realizadas entrevistas presenciais de caráter semi-estruturado, em LIBRAS, que foram videogravadas e posteriormente traduzidas para o Português. Com os professores as entrevistas aconteceram por meio da internet, utilizando e-mail e Messenger com vídeo conferência. Na fase de análises, os depoimentos dos dois grupos foram organizados em quatro unidades temáticas: 1) atitudes diante da surdez e das demandas de comunicação com o aluno; 2) as aulas e os recursos didáticos; 3) dificuldades relativas à língua portuguesa e aos conteúdos a dominar e 4) condições que favorecem os estudos do aluno surdo no ensino superior. Os achados mostram que, além das barreiras de comunicação e da insatisfação com questões didáticas, o grande obstáculo enfrentado pelos alunos surdos refere-se às dificuldades na leitura e na escrita, em razão da baixa qualidade de sua escolarização anterior, o que prejudica as possibilidades de expansão dos conhecimentos esperados na sua área de estudos. Os professores destacam essas dificuldades com a língua como um sério entrave para o domínio de conteúdos e o pensamento lógico, e parecem desconhecer as peculiaridades da condição bilíngue do aluno. A maior parte deles mostra-se disposta a receber apoio para adaptações e alternativas didáticas. Quanto às possibilidades de solução dos problemas, os dois grupos de entrevistados referem-se ao âmbito de atuação do intérprete e do coordenador, sem, no entanto, cobrar compromissos institucionais de projetos maior alcance. Embora tais projetos sejam urgentes, sugere-se, como iniciativa de cunho transitório, o oferecimento regular de uma disciplina de língua portuguesa desenvolvida especificamente para surdos e outras ações semelhantes a serem assumidas pelas universidades.

Abstract

The interest of this study is to discuss the conditions that are offered to deaf students who attend higher education courses, and contribute to increase the quality of their academic experience in the present reality, since the changes proposed by the official policy for deaf education at all levels are not yet effectively implanted nor the institutions prepared to respond to the needs of these students. This concern led to a research work that aimed at analyzing, on the basis of individual interviews, the statements of college deaf students and of their lecturers about the obstacles and the possibilities that the deaf encounter in daily academic activity. The subjects were four students and six lecturers from two universities. The interviews with the students were carried out in Sign Language, in a semi-structured format; they were videotaped and then translated to Portuguese. The lecturers were interviewed by internet, through e-mail and messenger with videoconference. For the analyses, the statements were organized in four thematic units: 1) attitudes toward deafness and demands of communication with the student; 2) the classes and the didactic resources; 3) difficulties relative to Portuguese Language and the contents to be learned; and 4) conditions that can deaf students’ studies in undergraduate course. The findings show that, besides communication barriers and dissatisfaction with didactic issues, the great obstacle faced by the deaf students regards the difficulties in reading and writing, due to the low quality of their prior school experience, what restricts the possibilities of expanding the knowledge expected for their area of studies. The lecturers emphasize these difficulties with the language as a serious obstacle for the mastery of academic subjects and the development of logical thinking, but they are not aware of the peculiarities of the student’s bilingual condition. Most of them are willing to obtain support for adaptations and didactic alternatives. As to the possibilities of overcoming the problems, both groups of interviewees refer to the sphere of competence of the interpreter and the coordinator, without, however, demanding institutional engagement in longrange projects. Although such projects are urgent, we suggest, as an initiative of a transitory nature, the inclusion of a regular discipline of Portuguese Language, developed specifically for the deaf, and other similar actions to be assumed by the universities.