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Título
Educação de surdos: problematizando a questão bilíngue no contexto da escola inclusiva
Orientador
Maria Cecília Rafael de Góes
Autor
CLAUDIA REGINA VIEIRA
Palavra chave
educação de surdos; abordagem bilíngue; educação inclusiva
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
01/01/2011
Nº Downloads
20281
Resumo
O interesse deste trabalho é investigar o que vem ocorrendo em nome de duas grandes diretrizes atuais da educação – a escola inclusiva e a proposta bilíngüe para surdos. Nessa direção realizamos uma pesquisa com o objetivo de analisar os modos como a Língua Portuguesa e a Libras (Língua Brasileira de Sinais) estão implicadas nas atividades desenvolvidas por alunos surdos matriculados em classe comum da escola regular, no ensino fundamental. O estudo de campo foi feito em duas escolas de um município da Grande São Paulo. Como apenas a Língua Portuguesa era utilizada nas classes regulares e não havia intérprete, pusemos o foco nas atividades das salas de recursos. Os procedimentos abrangeram a observação dessas duas salas e entrevistas com as professoras responsáveis. Durante um semestre letivo foram observados quatro alunos surdos (dois de cada escola) durante atividades individuais: três garotas, uma do 5º. ano e duas do 7º. ano, e um garoto do 6º. ano. As análises mostram que a Libras não é usada também nas salas de recursos, ou seja, ela não está presente em nenhum espaço das duas escolas. As professoras recorrem apenas aos sinais como acessório ou ferramenta (e por vezes usados de forma confusa) para o ensino da Língua Portuguesa. Já o trabalho com essa língua é assumido como o principal objetivo do ensino nesse espaço, e os esforços, na leitura e escrita, são geralmente direcionados para a ampliação do vocabulário, valorizando-se habilidades de memorização, de cópia e até de decodificação oral. Esses achados indicam que o processo ensino-aprendizagem é baseado em atividades monolíngues e só adquire uma aparência bilíngue pela presença de sinais. Portanto, da perspectiva da instituição, o monolinguismo permanece como posição político-ideológica, mas, da perspectiva do aluno, as condições de ensino não promovem um acesso efetivo à Língua Portuguesa. Considerando que nada é oferecido também para o desenvolvimento da Libras, a experiência escolar desse aluno torna-se marcadamente empobrecida. As políticas públicas, o debate acadêmico e as concepções de professores, a despeito de divergências e contradições existentes, têm projetado mudanças significativas na educação de surdos. No entanto, os resultados deste estudo trazem uma amostra das ações
educacionais concretizadas em escolas inclusivas - uma realidade ainda muito distante daquelas projeções e das reivindicações da comunidade de surdos.
Abstract
This study is concerned with actions being undertaken to fulfill present official orientation concerning both inclusive education, as a general guideline, and bilingual education, as the approach in the teaching-learning process for deaf students. To this purpose a research was carried out with the objective of analyzing the ways by which Portuguese Language and Brazilian Sign Language are implicated in the activities developed by deaf students in regular schools. The field work took place in two schools of a city located in the area of Greater São Paulo. Since only Portuguese was used in the regular classes, and there was no interpreter in either school, we focused on the activities of the special resources classes. The procedures involved observations of theses classes and interviews with the teachers in charge. During one semester four deaf students (two from each school), were observed during individual activities: three girls, one in the 5th. grade and two in the 7th grade; and one boy in the 6th grade. The analyses show that Brazilian Sign Language is not used in the special resources classes, what means that it is not present at all in two schools. The teachers make use of signs as an accessory or tool (sometimes in a confused way) for tasks relative to the teaching of Portuguese. The teaching of this language is assumed as the main objective of the work in this space, and the efforts in reading and writing are generally directed to the expansion of vocabulary, with emphasis on skills such as memorization, copying, and even oral decoding. These findings indicate that the teaching-learning process is based on monolingual activities and only acquires a “bilingual appearance” with the presence of signs. Hence, from the perspective of institution, monolinguism remains as the political-ideological position, but, from the perspective of the deaf student, the teaching conditions do not promote an effective access to Portuguese Language. Considering that nothing is provided for the development of the Brazilian Sign Language, the school experience for this student is markedly poor. Public policies, academic debates, and educators‟ conceptions, despite existing divergences and contradictions, have projected significant changes in deaf education. However, the results of the present study
show a sample of concrete educational actions undertaken in inclusive schools - a reality yet very distant of those projections or of demands of the deaf community.