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Título
A atuação do intérprete educacional de língua brasileira de sinais no ensino médio
Orientador
Cristina Broglia Feitosa de Lacerda
Autor
Laura Jane Messias Belém
Palavra chave
Intérprete educacional. Ensino médio. Língua brasileira de sinais.
Grupo CNPQ
Programa
MS - EDUCAÇÃO (PPGE)
Área
CIÊNCIAS HUMANAS
Data da defesa
25/08/2010
Nº Downloads
2253
Resumo
O trabalho do intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) que atua no espaço educacional tem sido alvo de várias indagações sobre como ele se configura, sua necessidade, e modos de sua participação nas instituições de ensino. A polêmica central reside em questionar se ele deve atuar apenas como intérprete (versando de uma língua para outra) ou se sua atuação também abrange ações de caráter educativo. Estas questões permanecem e merecem ser mais bem investigadas. O ensino médio tem sido um espaço educacional pouco estudado, e a ação do intérprete de Libras neste contexto, ainda menos discutida. O grande número de professores e disciplinas, e seu caráter de formação geral e profissionalizante o caracterizam como um ambiente singular, que merece ser pesquisado, especialmente quando estão presentes jovens surdos usuários de Libras que precisam ter acesso a temáticas específicas em diferentes áreas técnicas. Além disso, é frequente que jovens surdos cheguem a essa fase do ensino sem domínio suficiente dos conteúdos que a antecedem, e sem domínio amplo da língua de sinais. Assim, o objetivo deste estudo é melhor conhecer aspectos da atuação do intérprete de Libras que trabalham no Ensino Médio, considerando depoimentos destes intérpretes sobre seu ofício. Para a realização do estudo optou-se por filmar, durante o processo de trabalho, o intérprete atuando. Desta primeira filmagem foram selecionados trechos editados para serem apresentados a cada um dos intérpretes para que pudessem comentar sobre sua atuação. A situação de cada um dos intérpretes assistindo sua própria atuação e comentando-a foi filmada e é sobre este material que foi conduzida a análise dos dados, em quatro eixos referentes ao trabalho desempenhado: as relações e trocas ocorridas no convívio entre intérprete educacional e professores, como se constitui ou se realiza no espaço de conhecimento; a postura ideal, uma vez que o corpo fala; as angústias sentidas e desencadeadas diante do seu trabalho, se um mediador ou um “professor” e o papel que o intérprete de LIBRAS desempenha no cenário educacional, na ótica do próprio profissional. As diferenças e semelhanças diante das especificidades e situações que ocorrem dentro de uma sala de aula puderam ser observadas em duas escolas de ensino médio e tecnológico do estado do Rio de Janeiro. A pesquisa permitiu realizar uma reflexão sobre as estratégias e escolhas realizadas pelos intérpretes educacionais, em seu agir junto aos alunos e aos professores sob um (in)tenso jogo de poder do quem sabe mais sobre quem sabe menos, marcados pela coexistência de duas línguas de modalidades distintas, num ambiente educacional.
Abstract
The work of Brazilian Sign Language interpreters (LIBRAS) in the educational setting has been the object of several investigations about what their profile is, their necessity and ways of participation in educational institutions. The central controversy is questioning whether they must act only as interpreters (translating from a language to another) or as both interpreters and professionals who helps teaching deaf people. These questions remain and deserve better research. Secondary education has been has not been much studied, and the action of LIBRAS interpreters in this context is even less discussed. The great number of teachers and disciplines, and its character of general and professional education characterize it as a singular environment which deserves to be investigated, especially when there are young deaf persons using LIBRAS who need to have access to specific themes in different technical areas. In addition, it is common that deaf young people reach this phase of learning without sufficient knowledge of the contents that precede it, and without a good command of LIBRAS. So, the aim of this study is to better understand aspects of LIBRAS interpreters work in Secondary education, considering testimonies of these interpreters about their profession. We have video recorded in video interpreters during their work process. From these first video recordings, passages were selected to be presented to each interpreter so that they could comment on his acting. The situation in which each interpreter assisted their own work and commenting on videos was also recorded and it this was the material used for data analysis, according to four axles referring to the work done: relationships and interchanges in contacts between educational interpreter and teachers, the ways they happen in the knowledge space; the ideal posture, based on the idea that the body speaks; anxieties felt and unleashed before the work, the role of mediator or "teachers" and the role LIBRAS interpreters have in the educational setting as seen by the professional themselves. The differences and similarities before the specificities and situations that take place inside a classroom were observed in two schools of secondary and technological education in State Rio de Janeiro. The research allowed to carry out a reflection on the strategies and choices used by educational interpreters in their work with students and teachers under a (in)tense exercise of power from those who know more against those who know less, marked by the coexistence of two languages of different modalities in an educational setting.