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Título

Crianças com necessidades especiais em atividades de brincadeira no contexto da educação infantil

Orientador

Maria Cecília Rafael de Góes

Autor

Beatriz Aparecida dos Reis Turetta

Palavra chave

Crianças com necessidades especiais. Educação infantil. Brincadeira.

Grupo CNPQ


Programa

DR - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

01/01/2013

Nº Downloads

1460

Resumo

O interesse deste trabalho orienta-se para as condições oferecidas a alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) atendidos na Educação Infantil. Tomando como referência as proposições da abordagem histórico-cultural sobre educação, desenvolvimento e deficiência na infância, realizamos uma pesquisa com o objetivo de analisar os modos pelos quais pares e professoras interagem com essas crianças em situações de brincadeira e, mais especificamente, configurar as possibilidades que lhes são criadas para desenvolver a imaginação e a sociabilidade. Os sujeitos foram quatro alunos (com cegueira, acondroplasia e, dois, com Síndrome de Down), com idade de 4-6 anos, que frequentavam uma escola pública de Educação Infantil e eram atendidos também em instituição especializada, num município do Estado de São Paulo. Esses sujeitos foram observados durante as brincadeiras em diversos locais da escola - sala de aula, pátio, solário e parque – e suas professoras foram entrevistadas com o propósito de complementar os dados. As análises indicam que, durante os períodos observados, as professoras permaneciam realizando outras tarefas, intervindo nas brincadeiras apenas para evitar riscos ou conflitos entre as crianças. Essa postura, assumida em relação a todos os alunos, sugere a ideia do brincar como comportamento natural que dispensa qualquer intencionalidade pedagógica – ideia que pouco favorece os ganhos que a atividade pode trazer para o refinamento da imaginação. Embora isso possa repercutir na experiência escolar de qualquer criança, seus efeitos são mais prejudiciais quando se trata do aluno com NEE, pois, sem o incentivo para transpor seus próprios recursos, ficam restritas suas possibilidades de elevar os níveis de elaboração imaginativa. No que concerne à sociabilidade, a convivência com a turma parece ter contribuído favoravelmente para a formação de dois dos sujeitos, com cegueira e acondroplasia, cujas professoras eram muito atentas às suas especificidades e encorajavam as interações com os colegas. Já as professoras dos alunos com Síndrome de Down mostravam atitudes de indiferença ou rejeição, que repercutiam negativamente nas relações deles com os colegas. Para esses sujeitos a experiência escolar trouxe muito provavelmente efeitos prejudiciais aos processos de significação do mundo e de si. No conjunto, as análises mostram que as condições oferecidas para o atendimento dos alunos incluídos dependiam muito das professoras individualmente, de seus méritos ou inadequações. No âmbito interno da escola, não havia qualquer iniciativa coletiva para sustentar as especificidades desse trabalho. Alguns problemas permaneciam sem solução pela protelação de providências (p. ex., contratação de auxiliares de classe e supervisão de profissionais especializados). No âmbito externo, evidenciaram-se a desatenção e a falta de disposição política das instâncias oficiais para implementar mudanças indispensáveis.

Abstract

This study is concerned with the conditions offered to pupils with special needs attending Early Childhood Education. Drawing from historical-cultural theory’s propositions about education, development and deficiency, we undercarried a research to analyze the ways peers and teachers interact with these children in play situations and, particularly, to characterize the possibilities created for them to develop imaginative functioning and sociability. The subjects were four pupils (with blindness, achondroplasia and two with Down Syndrome), aged 4 to 6 years old, who were enrolled in a public school of Early Childhood Education and were also attended in specialized institutions, in a town of São Paulo State. These children were observed during play activity in several places of the school – classroom, courtyard, solarium, and playground – and their teachers were interviewed in order to complement the data. The analyses indicate that during the periods of observation the teachers kept busy with other tasks and only intervened in play to avoid risks or conflicts among children. This posture, assumed with relation to all the preschoolers, suggests the idea of play as a natural behavior, exempted of any pedagogical intentionality – an idea that does not promote the benefits that this activity can bring to the refinement of imagination. The effects of this can be more harmful when preschoolers with special needs are involved; the lack of incentive to surpass their own resources reduces the possibilities of reaching higher levels of imaginative elaboration. As to the data concerning sociability, the contact with classmates seem to have contributed favorably to two of the subjects, with blindness and achondroplasia, whose teachers were very attentive and willing to promote their interactions with peers. The teachers of the children with Down Syndrome displayed attitudes of indifference and rejection which reflected negatively on the contact with peers; for these subjects school experience was limitative, with harmful effects to the processes of signification of the world and of oneself. Overall, the analyses show that the conditions offered to the children depended mostly on the teachers individually, on their merits or inadequacies. At the internal level of the school, there was no collective initiative to sustain their work. Some problems remained unsolved due to the delay of actions (ex., teachers’ assistants to compose the staff and the supervision of specialized professionals). At the external level the obstacles resulted from political unwillingness or insufficiency of funds of the official instances to implement changes which were indispensable.