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Título

Aplicação de pressão positiva nas vias aéreas no pós-operatório de cirurgia bariátrica: um ensaio clínico.

Orientador

Profª. Drª. Eli Maria Pazzianotto Forti

Autor

PATRÍCIA BRIGATTO

Palavra chave

cirurgia bariátrica, fisioterapia, espirometria, atelectasia pulmonar.

Grupo CNPQ


Programa

MS - FISIOTERAPIA

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

02/02/2014

Nº Downloads

1371

Resumo

As alterações pulmonares comumente decorrentes da obesidade mórbida podem se acentuar frente à realização de procedimentos cirúrgicos abdominais. A utilização de anestésicos e analgésicos, o trauma cirúrgico e a consequente disfunção diafragmática desencadeiam redução dos volumes e capacidades pulmonares, alteração da relação ventilação/perfusão e diminuição da expansibilidade toracoabdominal, fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de complicações respiratórias pós-operatórias. A pressão positiva nas vias aéreas mostra-se como um recurso da fisioterapia respiratória utilizada para prevenção ou tratamento destas complicações. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de diferentes recursos com pressão positiva em mulheres obesas mórbidas submetidas à cirurgia bariátrica durante o período de internação hospitalar, no que se refere: aos volumes e capacidades pulmonares, pico de fluxo da tosse (PFT), mobilidade torácica e prevalência de atelectasias. Tratou-se de um ensaio clínico randomizado e cego, no qual foram avaliadas 100 voluntárias obesas mórbidas, com IMC entre 40 e 55 kg/m2, as quais foram submetidas a uma avaliação pré (1 dia antes da cirurgia) e pós-operatória (2º dia) e alocadas em cinco diferentes grupos: G Controle (n=20): receberam a fisioterapia respiratória convencional (FRC); G EPAP (n=20): realizaram 6 séries de 15 respirações com pressão positiva expiratória; G CPAP (n=20): receberam 30 minutos de pressão positiva contínua nas vias aéreas por um gerador de fluxo; G RPPI (n=20): realizaram 6 séries de 15 respirações recebendo pressão positiva intermitente; G BIPAP (n=20): receberam 30 minutos de pressão positiva binível nas vias aéreas. Durante o período de internação as voluntárias receberam a intervenção proposta duas vezes ao dia no pós-operatório (PO) imediato e no 1º PO, além da FRC, comum a todos os grupos. Os resultados revelaram que houve redução significativa (p<0,05) das variáveis espirométricas avaliadas pelas manobras de capacidade vital lenta e capacidade vital forçada no pós-operatório, em comparação ao pré. Na avaliação do PFT também houve redução significativa (p<0,05) no pós-operatório para os cinco grupos e quanto à mobilidade torácica somente a técnica de BIPAP foi capaz de gerar manutenção das medidas axilar e xifoideana (p>0,05). Na análise radiológica pós-operatória, houve prevalência de 35% de atelectasias no G Controle, 22,2% no G EPAP, 31,6% no G CPAP, 20% no G RPPI e 36,8% no G BIPAP. Para todas as variáveis avaliadas não foram apresentadas diferenças significativas entre os grupos (p>0,05). Conclui-se que o uso da pressão positiva nas vias aéreas em suas diferentes formas de aplicação, com o protocolo estabelecido neste estudo, não gera efeitos significativos na restauração da função pulmonar, na eficácia da tosse e na redução da prevalência de atelectasias no pós-operatório de mulheres submetidas à gastroplastia.

Abstract

Pulmonary changes present in morbidly obese individuals can be accentuated after the abdominal surgical procedures. The use of anesthetics and analgesics, surgical trauma and consequent diaphragmatic dysfunction causes reduction of lung volumes and capacities, changes in ventilation/perfusion ratio and reduction of thoracoabdominal expansibility. This factors increase the risk of postoperative respiratory complications. Positive airway pressure is shown as a resource of respiratory physiotherapy used for prevention or treatment of these complications. Thus, the aim of this study was to evaluate the effects of using different resources with positive pressure in morbidly obese individuals undergoing bariatric surgery during hospitalization, as regards: the volume and lung capacity, cough peak flow (CPF), thoracic mobility and prevalence of atelectasis. This was a randomized, blind clinical trial, in which 100 morbidly obese volunteers with a BMI between 40 and 55 kg/m2 were evaluated. The volunteers were subjected to a preliminary assessment (1 day before surgery) and in the postoperative (day 2) and allocated into five different groups: G control (n=20) received conventional chest physiotherapy (CCP); G EPAP (n=20) performed 6 sets of 15 breaths with expiratory positive airway pressure; G CPAP (n=20) received 30 minutes of continuous positive airway pressure through a flow generator; G IPPB (n=20) performed 6 sets of 15 breaths receiving intermittent positive pressure breathing and G BIPAP (n=20) received 30 minutes of bilevel positive airway pressure. During the hospitalization period the volunteers received these interventions twice a day in the immediate postoperative (PO) and on the 1st PO day, in addition to the CCP, that was common to all groups. The results showed that there was a significant reduction (p<0,05) of spirometric variables evaluated by the maneuvers of slow vital capacity and forced vital capacity postoperatively, comparing to preoperative moment. In the evaluation of the CPF there was also a significant decrease (p<0,05) in the postoperative for the five groups and for the thoracic mobility, only the BIPAP technique was able to maintain the axillary and xifoidean measures (p>0,05). At postoperative radiological analysis, there was no difference among the groups about a prevalence of atelectasis: G control = 35%, G EPAP = 22,2%, G CPAP = 31,6%, G IPPB = 20% and G BIPAP = 36,8%. For all variables, no significant differences in the postoperative among groups were presented (p>0,05). We conclude that the use of positive airway pressure in its different forms of application with the protocol outlined in this study, does not produce significant effects in restoring lung function, cough efficacy and reduction the incidence of atelectasis postoperatively in women undergoing bariatric surgery.