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Título

DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO

Orientador

Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera Santos

Autor

RICARDO HENRIQUE ROSSETTI QUINTAS

Palavra chave

Transtorno do Espectro do Autismo, Fisioterapia, Destreza Motora, Desenvolviment

Grupo CNPQ


Programa

MS - FISIOTERAPIA

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

21/02/2014

Nº Downloads

2316

Resumo

O transtorno do espectro autista (TEA) compreende um grupo de desordens do desenvolvimento de causas neurobiológicas, com anormalidades qualitativas e quantitativas que afetam os indivíduos de uma forma abrangente, porém mais evidente nas áreas de interação social, da comunicação e do comportamento. Embora a literatura aponte para repercussões motoras associadas aos quadros de TEA, a dimensão dessas alterações e sua relação com traços ou comportamentos autísticos ainda não são bem conhecidas. Os objetivos deste estudo foram avaliar o desempenho motor de crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA, compara-los aos seus pares com desenvolvimento típico, e investigar a correlação entre traços autísticos e o desempenho motor. Foram avaliados 28 indivíduos com idade entre 6 e 16 anos divididos em dois grupos: grupo caso (autista) n=14 (12 meninos e 2 meninas) e grupo controle (típico) com 14 indivíduos pareados por gênero e idade. Para o grupo caso foram incluídos indivíduos com diagnóstico médico para os TEA (código CID F84-0 ou F84-1), alunos do Instituto Ser (Campinas, SP), com idade entre 03 e 16 anos e que pudessem compreender e responder comandos verbais necessários para a aplicação da escala de avaliação Movement Assessment Battery for Children - Second Edition (M-ABC2). Para o grupo controle foram recrutados indivíduos saudáveis entre 03 e 16 anos que frequentavam escola regular e não realizavam qualquer tipo de tratamento especializado de saúde. Para avaliação motora foi utilizada a escala M-ABC2 que possibilita a avaliação da destreza manual, habilidades com bola e equilíbrio. Os traços autísticos foram avaliados pela escala de traços autísticos (ATA). Foram utilizados os testes de Mann-Whitney e de correlação de Spearman considerando um nível de significância de 5%. Os resultados indicaram que, em relação aos seus pares, o grupo com TEA apresentou um desempenho motor significativamente abaixo do esperado em destreza manual (p<0,001), habilidades com bola (p<0,001), equilíbrio (p<0,001) e desempenho motor global (p<0,001). No grupo TEA, o pior desempenho foi em habilidades que exigem equilíbrio, seguido de destreza manual e habilidades com bola e 12 (85%) dos indivíduos se classificaram abaixo do percentil 5 de desempenho indicando significativo comprometimento motor. Em relação ao comportamento autístico não foi evidenciada correlação entre traços autísticos e a destreza manual (r=0,27; p=0,927), habilidade com bola (r=-0,311; p=0,278), equilíbrio (r=0,059; p=0,842) e desempenho global (r=-0,059; p=0,842). O estudo permitiu concluir que as crianças e adolescentes com TEA apresentam déficits no desempenho motor global incluindo os aspectos de equilíbrio, destreza manual e habilidades com bola. No entanto esses déficits se mostraram independentes dos traços autísticos. O estudo aponta a necessidade de maior atenção ao desempenho motor em indivíduos com TEA e fomenta discussão sobre a contribuição de profissionais da fisioterapia integrando as equipes de tratamento.

Abstract

The autism spectrum disorders (ASD) are a group of developmental disorders of neurobiological causes, with qualitative and quantitative abnormalities that affect individuals in a comprehensive manner, but more evidently in the areas of social interaction, communication and behavior. Although the literature indicates motor effects associated with existing ASD, the extent of these changes and their relationship to autistic traits or behaviors are not well known. The objectives were to evaluate the motor performance of children and adolescents with ASD, compare them to their peers with typical development, and investigate the correlation between autistic traits and motor performance. 28 subjects aged 6 to 16 years were evaluated divided into two groups: case group (autistic) n = 14 (12 boys and 2 girls) and control (typical) group of 14 subjects matched for gender and age. For the case group whe included individuals with a medical diagnosis for ASD (ICD code F84-F84-0 or 1), students of Institute “SER“ (Campinas, SP), aged between 3 and16 years and that could understand and respond to verbal commands necessary for the application of the rating scale Movement Assessment Battery for Children - Second Edition (M-ABC2). For the control group were recruited healthy subjects between 3 and16 years attending regular school and not perform any type of specialized health care. To evaluate the motor skills was used the M-ABC2 scale that enables the assessment of manual dexterity, ball skills and balance. Autistic traits were by the scale of autistic traits (ATA). Were used the Mann-Whitney test and Spearman correlation considering a significance level of 5%. The results indicated that, compared to their peers, the group with ASD had a motor performance significantly lower than expected in manual dexterity (p <0.001), ball skills (p <0.001), balance (p <0.001) and motor performance overall (p <0.001). In the ASD group, the worst performance was in skills that require balance, followed by manual dexterity and ball skills and 12 (85%) of the subjects were classified below the 5th percentile of performance indicating identification of significant motor commitment. In relation to autistic behavior was not observed correlation between autistic drifts and manual dexterity (r = 0.27, p = 0.927), ball skill (r = -0.311, p = 0.278), balance (r = 0.059, p = 0.842) and overall performance (r = -0.059, p = 0.842). The study concluded that children and adolescents with ASD have deficits in global motor performance including aspects of balance, manual dexterity and ball skills. However, these deficits were independent of autistic traits. The study points to take great attention to motor performance in individuals with ASD and fosters discussion about the contribution of physiotherapy professionals integrating treatment teams.