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Título

A constituição de sujeitos com cegueira adquirida e a aprendizagem da leitura e escrita braille

Orientador

Maria Inês Bacellar Monteiro

Autor

Fátima Aparecida Gonçalves Mendes

Palavra chave

Braile. Deficiência visual. Cego. Cegueira adquirida. Leitura e escrita.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

21/08/2014

Nº Downloads

3781

Resumo

Este trabalho propôs-se a discutir os significados da cegueira para sujeitos com cegueira adquirida e seus desdobramentos relacionados ao processo de ensino da leitura e escrita braille. O estudo é fundamentado na perspectiva histórico-cultural de Vigotski, que destaca a importância das relações sociais para a formação pessoal de cada um, e aborda, em seus textos sobre defectologia, aspectos importantes relacionados à constituição de pessoas cegas e seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Realizamos entrevistas abertas com sujeitos com cegueira adquirida que frequentam um serviço de reabilitação em uma universidade nas atividades de aprendizagem do braille. Os dados encontrados nas entrevistas apontaram para duas unidades temáticas: 1. Encarando a perda da visão: lutar quando tudo parece adverso; e 2. Aprender braille: difícil para uns, menos difícil para outros, fácil para ninguém. Os cegos com cegueira adquirida revelaram os sentimentos e perdas resultantes da deficiência visual, tais como: a perda do trabalho que executavam, a perda da independência, a impossibilidade de dirigir, de ler, a restrição da locomoção, um forte sentimento de incapacidade, o medo de não serem mais aceitos pelos outros, o medo de não conseguirem realizar algumas tarefas domésticas (como cuidar dos filhos), a vergonha de usarem bengala. Encontramos sinais claros da dificuldade de enfrentar a perda da visão, algo que pode ser fundamental para pensar a educação de pessoas com cegueira adquirida. Diferentemente do cego congênito, essas pessoas vivem um período de dor pela perda de algo que tinham e não têm mais. O apoio para a aceitação da nova condição pode ajudar nas mudanças necessárias para a participação plena na vida social. Aprender braille foi um recurso importante para a maioria dos sujeitos, embora para alguns tenha sido mais fácil do que para outros. Compreender os sentimentos vividos por cegos com cegueira adquirida poderá ajudar na construção de políticas públicas que auxiliem o professor a atender às peculiaridades educacionais deste grupo de alunos, garantindo seu acesso aos recursos necessários para seu pleno desenvolvimento, bem como poderá ajudar na construção de políticas públicas em torno da produção de livros e materiais em braille.

Abstract

This paper addresses the meanings of blindness for subjects with acquired blindness and their development regarding the process of learning to read and write in Braille. The study is based on Vygotsky’s cultural-historical perspective, which highlights the importance of social relationships for everyone’s personal education. In his writings on defectology, Vygotsky tackles important issues related to the constitution of blind people and their development and learning processes. We conducted open-ended interviews with individuals with acquired blindness attending a university rehabilitation service where they learn Braille. The data found in the interviews pointed to two thematic units: (1) Facing the loss of vision: struggling when everything seems adverse; and (2) Learning Braille: difficult for some, less difficult for others, easy for no one. Blind people with acquired blindness revealed the feelings and losses resulting from visual impairment, such as the loss of their job and independence, their inability to drive and read, their restrictions on mobility, their strong sense of incapacity, their fear of no longer being accepted by others, the fear of being unable to perform some household chores such as caring for children, the shame of using a cane. We found clear signs of difficulty in facing vision loss, something that can be critical to the reflection on the education of people with acquired blindness. Unlike congenital blind people, they face a period of grief for something they no longer have. Support for the acceptance of this new condition can help them face the needed changes for full participation in social life. Learning Braille is an important resource for most subjects, although it has been easier for others. The understanding of feelings experienced by people with acquired blindness could help the development of public policies that aid the teacher to meet the educational peculiarities of this group of students, ensuring their access to resources necessary to their full development. It could also help build public policies involving the production of books and materials in Braille.