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Título

ATIVIDADES LÚDICAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DA INCLUSÃO ESCOLAR

Orientador

Profa. Dra. Maria Inês Bacellar Monteiro

Autor

FABIANA CHINALIA

Palavra chave

Teoria histórico-cultural. Práticas-pedagógicas. Inclusão escolar. Lúdico. Imaginação.

Grupo CNPQ


Programa

DR - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

23/02/2016

Nº Downloads

19476

Resumo

Alunos com deficiência intelectual e/ou com outros quadros atípicos estão frequentando as salas de aula comum do ensino regular, no contexto das políticas atuais de educação inclusiva, o que pressupõe, entre outras ações, a realização de práticas pedagógicas que favoreçam uma educação de qualidade que contemple a todos. Este estudo tem como propósito buscar relações entre a realização de atividades lúdicas no contexto escolar e o desenvolvimento das funções psíquicas superiores de imaginação, no sentido de um deslocamento do real e do vivido, para a produção de novas ações e elaborações de alunos com deficiência intelectual e/ou com outros quadros atípicos de desenvolvimento. Com base na perspectiva histórico-cultural de Vigotski, considera-se que a atividade lúdica contribui para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores e para o acesso aos valores e bens culturais. O processo de interação com o outro ganha força e significado, contribuindo para a participação social, o que faz, desta, uma atividade concreta e enriquecedora no que tange ao universo cultural dos alunos. A análise apresentada centrou-se nas relações de ensino vivenciadas nas atividades lúdicas realizadas no processo pedagógico. Foram utilizadas entrevistas com duas professoras do Ensino Fundamental, dos 1º e 2º anos, respectivamente, e observações videogravadas de atividades realizadas em salas de aula de uma escola pública do interior do Estado de São Paulo. As entrevistas individuais com as professoras tiveram o propósito de conhecer a concepção destas acerca da utilização do lúdico em sala de aula, e identificar como as atividades ocorriam na rotina escolar. O estudo coloca em destaque as atividades lúdicas como possibilidade para que o aluno com deficiência intelectual e/ou com outros quadros atípicos se desloque do campo perceptual, aumentando sua capacidade de apropriação do real, ao mesmo tempo em que o representa simbolicamente e elabora sobre ele, o que tem uma contribuição para o desenvolvimento intelectual do mesmo. As professoras reconhecem que o lúdico é importante para o desenvolvimento integral de todos os alunos, e que contribui para o processo educacional dos que apresentam deficiência intelectual e/ou outros quadros atípicos. As atividades lúdicas são utilizadas com maior frequência nas propostas pedagógicas da sala de aula do primeiro ano escolar, indicando reconhecimento e valorização, devido à faixa etária das crianças. Porém, na sala de aula do segundo ano escolar, ocupam um espaço pequeno, justificado pelo volume grande de conteúdo que precisa ser trabalhado com os alunos: a questão da escrita e da leitura, as provas, além dos projetos e das provinhas aplicadas pelo governo no final do ano. A realização de experiências lúdicas na sala de aula propicia aos alunos participação, imaginação e criatividade. O estudo realizado mostra a relevância de pensar as atividades lúdicas a partir de concepções advindas da abordagem histórico-cultural e revela a necessidade de mudanças significativas no modelo educacional, que devem ir além dos pequenos ajustes hoje realizados nas escolas que se propõem inclusivas.

Abstract

Students with intellectual disability and/or abnormal conditions have been attending regular classrooms and schools in accordance with current inclusion policies. Supposedly, such inclusion policies count on pedagogical approaches and teaching practices which should, along with other supportive actions, promote an education with quality for all students. This study aims to establish correlations between playful activities within the school environment and the development of higher mental functions, such as imagination, in the sense of a furtherance of the experience towards breakthroughs and actions made by students with disability and/or abnormal conditions. According to Vygotsky’s historical-cultural approach, playful activities contribute to the development of higher mental functions and to the access to cultural assets and values. The process of interaction with others becomes meaningful, fostering social participation, turning interaction into an enriching and tangible activity in the students’ realm of cultural activities. This study focuses on the relationships in playful teaching activities. Two elementary state school teachers, from the first and the second grades - respectively (6-7 year-olds), have been interviewed, and activities in those teachers’ classrooms were video-recorded. The individual interviews aimed at learning about those teachers’ views on the use of playful activities in classrooms, and identifying how those activities took place in the school routine. This research highlights playful activities as a possibility for the students with intellectual disability and/or abnormal conditions to expand their perceptual field and increase their aptitude to apprehend reality. At the same time, those students symbolically represent themselves, which suggests that there are some contributions to their own intellectual development. Those teachers acknowledge playful activities as important for the wholesome development of all students contributing to the education of those with intellectual disability and/or abnormal conditions. Playful activities are more frequent in educational proposals for the first school year, which indicates teachers’ awareness of children’s age. However, in the second year, classrooms playful activities are not as frequent due to the detriment of great amount of content to be worked with the students, namely reading and writing practices, tests, projects and end-of-year official tests. Playful activities in the classroom encourage students’ participation, imagination and creativity. This work shows the importance of considering playful activities from the historical-cultural perspective. It reveals the need of significant changes in the educational model, which should go further than the small adjustments, which were currently carried out by schools that propose themselves as developing inclusive practices.