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Título

Cartas sobre Educação Infantil de Johann Heinrich Pestalozzi: Imagens de mãe na correspondência de educadores

Orientador

Prof. Dr. Thiago Borges de Aguiar

Autor

Litza de Oliveira Amorim

Palavra chave

Pestalozzi. Cartas. Romantismo. Escola moderna. Paradigma indiciário

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

01/01/2018

Nº Downloads

4934

Resumo

Em nossa pesquisa sobre o educador suíço-alemão Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), temos como principal inspiração teórico-metodológica as considerações de Carlo Ginzburg sobre a construção da narrativa historiográfica a partir do estranhamento de fontes, o chamado paradigma indiciário. Dentro desse princípio mais abrangente, pautamo-nos especificamente pela reflexão sobre como um conjunto de cartas de Pestalozzi pode ser lido levando em consideração determinados elementos de sua escrita, bem como a inserção histórica dos temas ali tratados. Assim, temos como objeto de pesquisa a inscrição do educador no debate educacional de seu tempo histórico – últimas décadas do século XVIII e décadas iniciais do século XIX – especialmente no que se refere à questão do esclarecimento das classes populares. As epístolas que foram reunidas no livro Cartas sobre educação Infantil são compreendidas como elemento material que expressa a inscrição desse educador no contexto citado, e também rastros das intenções, ambições e relações de Pestalozzi. Através da análise de como a escrita e o conteúdo expressos nas cartas estão marcados por indícios de aspectos da relação entre os correspondentes na concretude histórica na qual se inseriam, e analisando também as abundantes figuras de mãe construídas nas cartas, discutindo as possíveis as origens e implicações micro e macro históricas dessas imagens maternas na educação, dialogamos com os debates da literatura especializada que abordam os temas da Revolução Francesa, Ilustração e Romantismos; os temas históricos do esclarecimento popular, da escolarização das classes populares, os modelos de escolarização nos séculos XVIII e XIX, bem como a perspectiva dos educadores naturalistas, especificamente aspectos que relacionam Rousseau e Pestalozzi. São analisadas as imagens de mãe como espelho do próprio Pestalozzi, mãe reflexiva, mãe educável, a imagem de função materna e a mãe como detentora de um saber não-pedante. Nossas conclusões apontam para a compreensão de Pestalozzi como um sujeito que se apropria de forma singular da totalidade social, trazendo inovações para o pensamento educacional e expressando tendências culturais por vezes conflitantes do ponto de vista macro e micro histórico, evidenciando a descontinuidade dos níveis macro e micro da história na medida da própria descontinuidade da realidade, conforme apontado por Carlo Ginzburg.

Abstract

Our research concerning the swiss-german educator Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) inspires itself from Carlo Ginzburg´s methodological proposals for the construction of historical narrative from the strangeness of the sources, the evidential paradigm. We start this study by analyzing how the rhetorical structure and the topics of a group of letters - which were collected into a book entitled “Letters on early education” published in 1827 in London - present traces of intentions, ambitions and relations of this educator. The letters are comprehended as the material expression of Pestalozzi´s insertion in the educational debate in last decades of 18th century and first decades of the 19th century, concerning the popular enlightment. We also analyse the images of “mother” presented in the letters, microhistorical and macrohistorical roots and impacts of these images in the history of education. Through this anlysis, we intend to establish a dialogue with specialized literature of History of Education field in the following topics: French Revolution, Enlightenment and Romanticism; Popular enlightenment and popular education; Schooling models in XVIII and XIX centuries and the perspective of naturalists educators, especially the theoretical relations between Rousseau and Pestalozzi. We analysed a set of five main images of mother: Identification between Pestalozzi and the mother or the mother as a reflection of Pestalozzi; the mother as a reflexive person; the mother as educable; the mother or mothering as a function; the mother as owner of a non-pedantic knowledge. The findings of this reseach point to an understanding of Pestalozzi as a subjet who appropriattes the social totality in a singular approach, bringing innovation to the educational thought and expressing sometimes conflicting cultural tendencies from microhistoric and macrohistoric points of view. These conclusions strenght the theorical perspective of the discontinuance of reality debated by Carlo Ginzburg.