Biblioteca Digital - UNIMEP

Visualização do documento

Título

O BRINCAR DA CRIANÇA COM CEGUEIRA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL

Orientador

Prof.ª. Dra. Maria Inês Bacellar Monteiro

Autor

JESSICA LUANA RUI

Palavra chave

Brincar. cegueira. perspectiva histórico-cultural. imaginação.

Grupo CNPQ


Programa

MS - EDUCAÇÃO (PPGE)

Área

CIÊNCIAS HUMANAS

Data da defesa

27/02/2019

Nº Downloads

622

Resumo

RUI, Jessica Luana. O BRINCAR DA CRIANÇA COM CEGUEIRA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo. Este estudo focaliza a brincadeira de faz de conta em um grupo de crianças da educação infantil, em que uma das crianças tem cegueira. Tomou-se como referência teórica a perspectiva histórico-cultural de Vigotski, visando contribuir para a compreensão de como a criança com cegueira brinca no espaço escolar. Nesta perspectiva, o brincar é considerado uma atividade fundamental para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, favorável ao processo de imaginação. O conceito de desenvolvimento das funções psicológicas superiores é o mais importante da psicologia para Vigotski e é fundamental para o autor, modificar o ponto de vista tradicional e unilateral de enxergar as funções apenas como aspecto biológico e natural. Para ele, é necessário considerar o desenvolvimento histórico e cultural das funções mentais, e não as tratar como aspectos isolados um dos outros e funcionando mecanicamente. A brincadeira de papéis sociais ou lúdica é essencial, pois coloca em funcionamento toda a complexidade das funções psicológicas superiores. Estas situações exigem que a criança use a memória, atenção, planejamento e imaginação para que ela se concentre e garanta êxito na história criada para encenação. O trabalho de campo envolveu o acompanhamento minucioso, durante sessões coordenadas pela pesquisadora e registradas em vídeo, de atividades de brincadeira de faz de conta de uma menina com cegueira de cinco anos e seus colegas. Os dados foram organizados em dois eixos temáticos. O primeiro refere-se aos modos de participação de uma criança com cegueira em situação de brincadeira em grupo no espaço de uma escola infantil. O segundo refere-se à apontamentos feitos a partir das anotações de campo sobre as condições oferecidas pela escola e pela professora para a atividade de brincar. As análises apontam o envolvimento da criança com cegueira na brincadeira de faz de conta, que revela em suas ações aquilo que foi constituído pelas suas relações sociais e experiências na cultura. As interações com as outras crianças e com a pesquisadora propiciaram que a criança com cegueira se desprendesse da situação concreta imediata e criasse novas realidades. Embora as condições oferecidas pela escola e professora para atividades de brincadeira de faz de conta sejam reduzidas, devido ao tempo empregado com cobranças externas para cumprir o material apostilado, quando ocorre, a atividade revela seu poder de ação sobre a imaginação de todas as crianças, proporcionando o afastamento da realidade e a elevação dos processos mentais.

Abstract

RUI, Jessica Luana. THE PLAY OF CHILDREN WITH BLINDNESS IN CULTURAL-HISTORICAL PERSPECTIVE. Dissertation (Master in Education) - Graduate Program in Education Area of the Methodist University of Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brazil. This study focuses on make-believe plays in a group of children in early childhood education, where one of the children is blind. It was taken the cultural-historical perspective of Vigotski as a theoretical reference, aiming to contribute to the understanding of how the child with blindness plays in the school space. In this perspective, the play is considered a key activity for the development of higher mental functions, which is favorable to the process of imagination. The concept of development of higher mental functions is the most important of the psychology for Vigotski and it is fundamental for the author to modify the traditional and one-sided view of functions only as biological and natural aspect. For him, it is necessary to consider the cultural and historical development of mental functions, and not to consider them as aspects isolated from one another and mechanically working. The play of social or playful roles is essential because it puts into operation all the complexity of the higher mental functions. These situations require the child to use memory, attention, planning, and imagination to focus and ensure success in story-setting. The fieldwork involved close and detailed monitoring, during recorded sessions coordinated by the researcher, of play activities of a five years old girl with blindness and her colleagues. The data were organized into two themes. The first one refers to the ways that a child with blindness participates in a situation of group play in the school space. The second refers to an analysis of the conditions offered by the school and the teacher for the activity of playing. The analysis point out the involvement of the child with blindness in make-believe plays, which reveals in their actions what was constituted by their social relations and experiences in culture. The interactions with other children and with the researcher provided the blind child to detach off the immediate concrete situation and create new realities. Although the conditions offered by the school and teacher for make-believe activities are reduced, due to the time spent to fulfill the apostilled material, when it occurs, the activity reveals its power of action on the imagination of all children, providing the distance from reality and the elevation of mental processes.