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Título

Efeitos de um protocolo de treinamento muscular inspiratório sobre a função pulmonar, força e resistência muscular respiratória e capacidade funcional em pacientes após infecção por Covid-19: estudo clínico randomizado

Orientador

Marlene Aparecida Moreno

Autor

Tamires Alessa de Mori

Palavra chave

Exercício respiratório. Fisioterapia. Terapia respiratória. Músculos respiratórios. COVID-19.

Grupo CNPQ


Programa

DR - CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

Área

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Data da defesa

03/10/2022

Nº Downloads

137

Resumo

Introdução: A COVID?19, levou à emergência de saúde global, onde os indivíduos infectados apresentam um amplo espectro de sintomas clínicos e complicações de longo prazo da doença também conhecida como síndrome pósCovid. Dentre as intervenções existentes, o treinamento muscular inspiratório (TMI) é amplamente utilizado para diminuir a dispneia e melhorar o desempenho físico em várias condições patológicas, mas ainda não foi amplamente estudado em pacientes após COVID-19. Objetivo: Avaliar os efeitos do TMI sobre a função pulmonar, força e resistência muscular respiratória e capacidade funcional em pacientes após COVID-19. Metodologia: Ensaio clínico randomizado, controlado e cego, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade e pelo registro de ensaio clínico. Foram estudados 28 participantes, sendo 15 mulheres e 13 homens, acometidos pela COVID-19, os quais foram alocados de forma randomizada em dois grupos de 14 pacientes, sendo um denominado de grupo treinamento muscular inspiratório (GTMI), que realizou o protocolo de reabilitação ambulatorial acrescido do TMI, e o outro denominado de grupo convencional (GC), que realizou somente as sessões de reabilitação ambulatorial. As avaliações aconteceram em dois dias, sendo um para avaliação respiratória e física, e outro para avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Os componentes da avaliação foram: anamnese, função pulmonar, força e resistência muscular respiratória, força muscular de membros superiores e inferiores, capacidade funcional, equilíbrio, atividades de vida diária e modulação autonômica da frequência cardíaca. O TMI foi realizado por cinco semanas, dois dias não consecutivos por semana, totalizando 10 sessões, sendo os participantes orientados a realizar duas séries com 15 esforços inspiratórios, no dispositivo PowerBreathe Medic Plus. A carga do treinamento utilizada foi de 30% da pressão inspiratória máxima (PImáx), ajustada no primeiro dia de treinamento e reajustada a cada duas semanas. Após o período de cinco semanas os participantes foram reavaliados. Todas as análises foram realizadas por protocolo e intenção de tratar, utilizando imputação múltipla para determinar os valores omissos. Foi considerado significativo o valor de p<0,05. Resultados: Os resultados mostraram melhora significativa para as variáveis respiratórias CVL (L) (p=0,003), CVL (%) (p=0,003), CVF (L) (p=0,003), CVF (%) (p=0,002), VEF1 (L) (p=0,002) VEF1 (%) (p=0,01), PImax (p=0,002), PImaxS (p=0,001), para o GTMI. A análise da força para membros superiores e inferiores, também apresentou valores significativos para SL (p=0,000) e FPP (p=0,001). Em relação a VFC, em relação postura supina, as análises demonstraram valores maiores na ES (p=0,02) e ECC (p=0,02) comparado ao GC. A análise de correlação se apresentou positiva moderada (r= 0,60) entre as variáveis CVF e TD6 no GTMI. Conclusão: o acréscimo do TMI a um protocolo de fisioterapia convencional, é uma estratégia válida para a melhora da função pulmonar, força e resistência muscular inspiratória, bem como, na melhora da capacidade funcional e percepção subjetiva de esforço, força periférica, melhora do equilíbrio e da modulação autonômica da FC de pacientes após infecção pela COVID-19. Da mesma forma, identificou-se que mesmo no grupo convencional houve melhora na força e resistência muscular respiratória, força de membros inferiores e consequente melhora na velocidade da marcha, dando ao paciente maior independência funcional. Assim, é possível concluir que, ambos os grupos apresentaram melhora após o período de intervenção, sugerindo que tanto o TMI quanto o protocolo convencional promoveram adaptações benéficas nessa população, evidenciando a importância da fisioterapia na reabilitação de pacientes após infeção por COVID-19. Contudo, estudos que avaliem diferentes estratégias de reabilitação e protocolos de TMI ainda são necessários.

Abstract

Introduction: COVID-19 has led to a global health emergency, where infected individuals present a wide spectrum of clinical symptoms and long-term complications of the disease, also known as post-Covid syndrome. Among existing interventions, inspiratory muscle training (IMT) is widely used to decrease dyspnea and improve physical performance in various pathological conditions, but has not yet been widely studied in patients after COVID-19. Objective: To evaluate the effects of IMT on lung function, respiratory muscle strength and endurance, and functional capacity in post-COVID-19 patients. Methodology: Randomized, controlled, blind clinical trial, approved by the Research Ethics Committee of the University and by the clinical trial registry. A total of 28 participants were studied, 15 women and 13 men, affected by COVID-19, who were randomly allocated into two groups of 14 patients, one of which was called the Inspiratory Muscle Training Group (IMG), which underwent the rehabilitation protocol ambulatory plus IMT, and the other called the conventional group (CG), which performed only outpatient rehabilitation sessions. The assessments took place over two days, one for respiratory and physical assessment, and the other for assessment of heart rate variability (HRV). The evaluation components were: anamnesis, lung function, respiratory muscle strength and resistance, upper and lower limb muscle strength, functional capacity, balance, activities of daily living and autonomic modulation of heart rate. The IMT was performed for five weeks, two non-consecutive days a week, totaling 10 sessions, with participants instructed to perform two series with 15 inspiratory efforts, on the PowerBreathe Medic Plus device. The training load used was 30% of the maximum inspiratory pressure (MIP), adjusted on the first day of training and readjusted every two weeks. After the five-week period, the participants were reassessed. All analyzes were performed by protocol and intention-to-treat, using multiple imputation to determine missing values. A value of p<0,5 was considered significant. Results: The results showed significant improvement for the respiratory variables SVC (L) (p=0.003), SVC (%) (p=0.003), FVC (L) (p=0.003), FVC (%) (p=0.002), FEV1 (L) (p=0.002) FEV1 (%) (p=0.01), MIP (p=0.002), MIPS (p=0.001), for MITG. Strength analysis for upper and lower limbs also showed significant values for SL (p=0.000) and HGS (p=0.001). Regarding HRV, in relation to supine posture, the analyzes showed higher values in ES (p=0.02) and CCS (p=0.02) compared to CG. The correlation analysis was moderately positive (r= 0.60) between the FVC and TD6 variables in the GTMI. Conclusion: the addition of IMT to a conventional physiotherapy protocol is a valid strategy for improving lung function, strength and inspiratory muscle endurance, as well as improving functional capacity and subjective perception of exertion, peripheral strength, improving balance and the autonomic modulation of HR in patients after COVID-19 infection. Likewise, it was identified that even in the conventional group there was an improvement in respiratory muscle strength and resistance, lower limb strength and consequent improvement in gait speed, giving the patient greater functional independence. Thus, it is possible to conclude that both groups showed improvement after the intervention period, suggesting that both IMT and the conventional protocol promoted beneficial adaptations in this population, highlighting the importance of physiotherapy in the rehabilitation of patients after COVID-19 infection. However, studies that evaluate different rehabilitation strategies and IMT protocols are still needed.